domingo, 18 de dezembro de 2005

CARTÃO VERMELHO


A jornada de futebol deste fim de semana apresenta algumas curiosidades, assim o número de espectadores que viram ao vivo o Benfica Nacional foram 52.089, mais do que os espectadores dos restantes desafios, que tiveram no Porto Penafiel 30.108, no Braga-Académica 7.148, no Maritimo-Setúbal 2.000, no Belenenses-Paços de Ferreira 1.500, no Rio Ave-Gil Vicente 2.000, no Estrela-Leiria 500, e no Naval-Sporting 2.000. O Boavista-Guimarães está a decorrer neste momento, e pelo que se televiu, apenas uma centenas de pagantes ocorreram ao encontro. No total (sem o Boavista) estes desafios foram vistos por 45.256 espectadores. Assim vai o futebol em Portugal. De lamentar que, tirando os três primeiros jogos, em que o número de assistentes vem contado ao rigor, os outros, com números arredondados, foram contados a olho. E dizem esses senhores do futebol que isto é uma indústria altamente profissionalizada. Se olharmos para o Farense , para o Salgueiros, para o Campo Maior, para o Setúbal, verificamos que estão a matar o futebol e por isso aqui fica o cartão vermelho para os doutores da bola.
BOLA REDONDA


O jornal Record na sua edição de Domingo, dia 18, refere na 1ª, 2ª, 4ª, 5ª, 9ª, 10ª, e 56ª páginas, que o golo do Benfica contra o Nacional foi precedido de falta. Vários jornaleiros desse jornal atacam o "crime" com intensidade e até na mesma página mais do que uma vez. Se foi falta ou não, pouco importa (preciso de ver a repetição na tv para me certificar se foi ou não dentro da área restritiva do guarda-redes) o que é relevante para o caso é que na Sexta-feira no Naval-Sporting o 2º golo foi também precedido de falta e aqui sim com uma entrada criminosa, mas os jornaleiros do Record nem pio. A bola é redonda mas só rola para um lado...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

MEDALHA DE OURO



1º Lugar - Portugal é o país com pior crescimento económico.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

PONTO DE MIRA


Com a devida vénia transcrevo parte de uma crónica publicada no www.seixal.com por João Carlos pereira:
"Ordinariamente, todos os políticos são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustuosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o estadista. É assim que há muito tempo, em Portugal, são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência da camarilha, será possível conservar a sua independência?"


Esta prosa não foi escrita por mim, nem pelo cronista João Carlos Pereira, mas publicada em 1867 no jornal O Distrito de Évora por um senhor chamado Eça de Queiroz...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

MEDALHA DE OURO


1º lUGAR - Portugal - por liderar os países com risco de pagamento mais elevado
MEDALHA DE OURO


1º LUGAR - Portugal - para o país europeu com maior incidência de tuberculose

sábado, 10 de dezembro de 2005

REVISITAÇÕES

SEIXAL

Nasci no Seixal, e de quando em vez dou lá um saltinho para rever a família, os amigos, os espaços da minha infância. Há já algum tempo que não vou lá e por isso revisitei a cidade através da net. Vi o casario junto ao rio, naquela baía linda formada no rio Jordão, braço pequeno do Tejo, que banha a cidade e que foi mar da minha infância. Vi as fragatas que em tempos zarpavam para Lisboa carregadas de produtos, vi os moinhos de marés e os cais donde partem os barcos para Lisboa. Seixal, cidade ribeirinha à beira Tejo, vale uma visita, assim como vale a pena visitar o site www.seixal.com e ler uma crónica sobre um dos candidatos à Presidência da República, onde se aprenderá ( para quem não souber) alguma coisa sobre um dos barões da nossa política. Cidade a visitar, crónica a ler urgentemente.
ENQUADRAS



Nós temos grandes carolas
Neste nosso querido Portugal
Tiram os crucifixos das escolas
E deixam as iluminações de Natal.

Os crucifixos são de retirar
Diz o governo sem emoções
Mas então e a Páscoa e o folar
Também não têm conotações?

Se tudo ofende a constituição
este governo de Portugal
Tem de retirar as chagas
Da Bandeira Nacional.



... a propósito dum artigo de Constança Cunha e Sá na revista Sábado.
MEDALHA DE OURO


1º LUGAR - País com maior percentagem de doutores no governo: Portugal - 100% !



Ps. Os estúpidos dos suecos só têm 36%...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

UM POEMA DE 1976

O País das maravilhas


Ah! este país das maravilhas
Da sopa de favas
Dos guisados de ervilhas
Do pão
Do requeijão
Do branco e do tintol
País das barracas
Das caixas e das baixas
Da tensão
Do colesterol
País adiado sem tempo
País odiado cantado
País louvado
Caído no deixa andar
No não importa no não te rales
Que vive do importar
Dos avales
País sem porta
Das correntes de ar
Dos balões de soro
Dos meninos de coro
Dos professores
Dos Catedráticos
Dos sabedores
Dos doutores
Dos lunáticos
País sem ementa
Sem pão nem mesa
Sem sal nem pimenta
Sem o "dito" à portuguesa
Que a inflação atormenta
País sem amor
Sem flor
Dos castrados e impotentes
Dos males por atalhar
Da dor
Do se calhar
Do talvez do entrementes
País extraviado
Esquecido espezinhado
Do vinho a martelo
Do Whisky marado
País-castelo
Desmoronado
País dormente
Chagado
Envelhecido pelo tempo
Maltratado
Das crianças sem sorriso
Dos velhos sem porvir
Dos campos sem reforma
Da cidade salvação
Do mundo cão
Ah! meu país doente!

domingo, 4 de dezembro de 2005

O AMOR (NÃO) ACONTECE



Estranhamente numa tarde de domingo estou sozinho em casa, escrevo no computador, vejo na quatro o filme " o amor acontece" (acontece?), estórias contadas na história do natal e lembro-me do amor, do acontece, do natal. Do natal, porque ainda não comprei prendas, ainda não montei a árvore ( será que a montarei?) do amor acontece, revejo Hugh Grant e volto atrás ao Notting Hill, à excepcional Júlia Roberts, ao "She" cantado por esse monstro da canção que é Charles Aznavour e também pelo Elvis Costello, esse "she" com que abri o baile no casamento da Rita. Estranhamente só nesta tarde chuvosa de domingo, o amor não acontece...

sábado, 3 de dezembro de 2005

MEDALHA DE OURO


1º lugar para o país europeu mais poluído: PORTUGAL

quarta-feira, 30 de novembro de 2005

ENQUADRAS


Há por aí quem tenha um ideal fixo
Mas às vezes porém nem por isso
Alguns não querem o crucifixo
Outras clamam pelo chouriço

Inunda-se este País sem chama
Em rios e mares de desagrado
Afunda-se o País num mar de lama
Mas eu não drago mas eu não drago

terça-feira, 29 de novembro de 2005

BOLA REDONDA


Há sempre um Costa a dar à costa. Grande penalidade contra o Porto? Pois... a bola é redonda mas só rola para um lado.
FRASES



" Porque é que eu hei-de pensar na vida se a vida não pensa em mim?"

segunda-feira, 28 de novembro de 2005

BOLA REDONDA


Querem acabar com os crucifixos nas escolas portuguesas. Acho bem. Como também acho bem que em França não admitam caras tapadas nas aulas aos alunos muçulmanos. Agora o que eu acho estranho é que muitos daqueles que aplaudem a medida portuguesa, critiquem o governo francês. A bola é redonda mas só rola para um lado!
DESPORTO



Uma pergunta inocente: quem é a equipa portuguesa de futebol que tem mais campeonatos ganhos?
DICIONÁRIO
( Grande Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo)



Chuchas - o m. q. chucha-pitos
Chucha-pitos - insecto de longas patas, que habita sítios escuros e a que o povo atribui a morte de pintainhos.

domingo, 27 de novembro de 2005

A MÚSICA DE...
...CHARLES AZNAVOUR



Charles Aznavour nasceu em Paris em 1924 e ainda hoje dá espectáculos por esse mundo fora. Filho de emigrantes arménios entrou para o mundo do espectáculo aos onze anos, compôs mais de seiscentas canções e vendeu para cima de cem milhões de discos. Além de cantor, é actor, compositor e escritor. Foi eleito pela CNN e a revista Time como o artista do século, canta em várias línguas e é embaixador permanente da Onesco. Canções como La mamma, Isabelle, Et pourtant ou Il faut savoir foram top no mundo inteiro. Porque a sua música pertence ao meu imaginário fica aqui registada, acompanhada por uma frase sua: "a minha vida deve ser uma lição de vida para as pessoas que não são atraentes e que vieram de lugar nenhum". Bem haja Aznavour!
DICIONARIO
(Grande Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo)

Desertar:

Despovoar.Desamparar: desertar o seu lugar.Renunciar. Ausentar-se. Afastar-se. Fugir do serviço militar.

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

PONTO DE MIRA



Como o tempo corre! Ainda ontem era ontem e tanta coisa se passou entretanto: Os canditatos arrastam-se de terra em terra, beijam as velhinhas e os putos ranhosos, soltam picardias, constroem castelos de sonho num ápice, prometem fazer tudo aquilo que nunca fizeram e pelo caminham vão papando uns jantares e culpando os outros; outros, de saída, descobrem que os idosos e reformados estão em maus lençóis (só agora?!!) ; na Casa Pia é tudo pio, pombinhas brancas que esvoaçam na doce brandura dos nossos sóis, clamam inocência; no apito dourado é tudo de ouro, de alto quilate; os professores dizem não, não querem ser culpados; os farmacêuticos dizem não às medidas; A mãe da Joana não matou a Joana: claro não é culpada; os militares foram lançados às guerras e morrem, mas culpados? não há; o Benfica não ganha há cinco jogos, mas que importa a culpa?; a justiça não tem meios e não tem culpa; a Ota apanhou agora o TGV e não quer descarrilar; o desemprego aumenta mas não querem trabalhar; os bancos têm mais lucros e não querem mais impostos; o Governo não tem culpa, foi o Governo anterior. Ninguém tem culpa? Eu tenho, eu assumo as minhas culpas, porque trabalhei 45 anos e descontei, porque gosto deste País (?!!), porque criei dois filhos e os formei, porque me formei a mim mesmo, porque li e incentivei os outros, porque paguei sempre os meus impostos, porque fui à guerra e voltei, porque acredito no Benfica, na familia, na paz, na honra. Sou culpado, julguem-me e condenem-me, e já que não posso voltar para a ilha, mandem-me para as origens, talvez para o Condado Portucalense, talvez assim fique mais próximo doutros condados.
FRASES



"A arte não é apenas o olhar; não é o resultado de reflexões intelectuais. A arte está intimamente ligada a leis inerentes ditadas pelo instrumento através do qual é expressa. Por outras palavras, a pintura é a pintura, a escultura é a escultura, a arquitectura é a arquitectura."


Hans Hoffman


Pintor alemão radicado nos Estados Unidos, nasceu em 1880 e faleceu em 1966. Elo de ligação entre o expressionismo europeu e o americano na era do expressionismo abstracto e da action painting, contribuiu decisivamente para a difusão de uma arte americana auto confiante. Fundou a School of Fine Arts em Nova Yorque.
ESTOU DE VOLTA



Finalmente estou de volta após umas férias forçadas por um viruzito qualquer que se calhar não estava a gostar das minhas bloguices. Mas um anti-vírus obediente pôs na ordem esse intrometido e obrigou-o a devolver-me os meus acentos: graves e agudos e até os circunflexos. E perplexo ele obedeceu. Sinais do tempo.

terça-feira, 8 de novembro de 2005

PONTO DE MIRA


Franceses, malteses e às vezes. O que fazer? Assim que tiver o computador em ordem vou falar sobre o assunto mas entretanto aceito comentários.

sábado, 5 de novembro de 2005

BREVE RESPOSTA A MÁRIO SÁ-CARNEIRO



Eu sou eu, outro não sou
sou talvez português médio
sou pilar, sou ponte, sou remédio
sei a que venho e para onde vou
POEMA DE MÁRIO SÁ-CARNEIRO




Eu não sou eu nem sou outro
sou qualquer coisa de intermédio:
pilar da ponte de tédio
que vai de mim para o Outro.
BREVE RESPOSTA A EUGÉNIO DE ANDRADE




Quando a ternura
parece já do seu ofício desperta,

E o sono, em incerto barco,
já partiu,

quando cintilantes, irrompem
os teus olhos

E procuram
Nos olhos meus, aventura,

É que te falo das palavras
Loucas e abertas

Por esta navegação segura.
POEMA DE EUGÉNIO DE ANDRADE
Do livro Obscuro domínio



O silêncio



Quando a ternura
Parece já do seu ofíicio fatigada,
E o sono, a mais incerta barca,
Inda demora.
Quando azuis irrompem
Os teus olhos
E procuram
Nos meus navegação segura,
É que te falo das palavras
Desamparadas e desertas
Pelo silêncio fascinadas
BREVE RESPOSTA A ANTÓNIO BOTTO



Depois daquela tua despedida
Em que fui calmo e atento
A vida ganhou outra vida
E reavivou o meu sentimento

Além dessa triste partida
E muito mais que o meu tormento
A vida para mim tem a medida
de viver contigo no pensamento
POEMA DE ANTÓNIO BOTTO



Depois daquela minha despedida
Em que cheguei a ser talvez violento
A vida que resta é outra vida
E o sentimento é outro sentimento

Além dessa miséria conhecida
E muito mais além do meu lamento
A vida para mim não tem medida
E vivo o que me vem do pensamento
PALAVRAS COM E SEM SINAIS


O computador ainda não foi operado, prometo que em breve corrigirei todos os textos, mas por ora vou enviando sinais nas palavras.
OS COMPUTADORES DOS TEMPOS QUE CORREM



Há já alguns dias que não escrevo, não por falta de assunto nem de tempo, mas porque o meu computador resolveu pifar e esta a fazer greve de sinais, como eventualmente já verificaram. Ele é o acento grave que me agrava a escrita é o agudo que agudiza a cabeça. O til é o tal que não aparece, e o chapeuzinho dito acento circunflexo deve ter fugido na cabeça doutro blog qualquer.
O pior é que ninguém me dá solução para o caso e forçosamente terei que mandar o computador para o hospital para uma operação mais profunda. Já parece esta coisa chamada país onde os acentos são graves e se agudizam cada dia que passa, onde os chapeuzinhos, melhor dizendo os barretes são enfiados na cabeça do zé, sem apelo nem agravo, nem agrafes para fechar as feridas que nos abrem constantemente em operações patéticas, inestéticas e muitas vezes assimétricas nestes corpos cobaias que são cirurgicamente estropiados por bistúris em mãos incompetentes.
E como o meu computador, também esta máquina precisa duma operação profunda, senão arriscamo-nos a que estes "informáticos" de ditos brandos costumes, ao verem a máquina a ficar sem sinal, deixem de parte o software e partam para um profilático hardware.

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

BREVE RESPOSTA A CESARINY



Em todos os locais te encontro
em todos os locais te perco
conheço tão mal o teu corpo
e sonhei tanto com a tua figura
que é de olhos abertos que eu ando
a observar a tua postura
e bebo o ar e sorvo o sonho
tanto tão perto tão irreal
que o meu corpo sofre a agrura
dum corpo que nunca foi meu
num rio que tarda em aparecer
num braço que não me procura

Em todos os locais te encontro
em todos os locais te perco
POETA PARA LER


Mário Cesariny poeta, romancista, dramaturgo e artista plástico nasceu em 1923 e é considerado um dos mais importantes representantes do surrealismo português. No início da sua carreira literária é influenciado por Cesário Verde e Álvaro de Campos. Porém ao integrar-se no Grupo Surrealista tráz para a sua obra o absurdo, o insólito e o inverosímel.


Poema


Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço também o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
BREVE RESPOSTA A SOPHIA


Por muito que a ausência
Seja profunda
Num país qualquer
Mesmo com nome
Os desertos
Têm sempre água
Todas as noites têm lua
Toda a terra do mundo
Não é nua


E por maior que seja
O desespero
Tudo na vida
Tem mais que um tempero
POESIA DE SOPHIA DE MELLO BREYNER

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

POESIA



A tertulia sempre acontece poesia da qual faço parte, propôs na última reunião, três temas para que cada um de nós fizesse três poemas. Assim, praias fluviais, o eléctrico amarelo e natureza morta eram os motes. Como não tive tempo e se calhar imaginação, recorri ao três em um, e fiz um poema apenas:


UMA NATUREZA MORTA NESSA PRAIA FLUVIAL QUE É O ELÉCTRICO CHAMADO DESEJO


Vinham das praias fluviais aos magotes
tisnados do sol alvoroçados pela juventude
apanhavam o eléctrico em Algés
saltando para os estribos com o amarelo
em andamento
entravam de sopetão forçavam a entrada
encostavam-se às moças
neste eléctrico chamado desejo
uma mão por cima outra por baixo
davam um apalpão roubavam um beijo
uns de trolei levantado
outros de natureza morta
e de vez em quando ouvia-se uma varina gritar:
- vê lá se te despachas
que tou a chegar à minha porta

sexta-feira, 21 de outubro de 2005

AS RAZÕES PORQUE EU NÃO ME CANDIDATO



Porque não sou social-democrata nem socialista
nem comunista nem trotskista nem direitista
porque não sou salazarista nem republicano
nem rei nem barão
porque não sou sindicalista nem trabalhador operário
nem advogado nem economista
porque não governei ou desgovernei nem fui ministro
nem secretário
porque não pisei nada nem ninguém nem descolonizei
nem caucionei cees ccbs e outros quês
porque não fugi à tropa não fugi da tropa
não passeei em Paris nem em Argel
nunca fui refractário nem mandatário
nem sequer retardatário
porque nunca fiz presidências abertas nem descobertas
não viajei em cobertas
de navios ou paquetes ou iates
nunca tive hiatos nem mandatos e mesmo
muitos sapatos
porque não gosto de andar de avião
e muito menos de enchê-los de patrões galifões e outros
falcões
porque nunca comi à conta
porque à conta tive tudo muito pouco ou nada
e não nado na hipocrisia destes mares navegados por mareantes
tunantes e outros mandantes
porque não sei mentir
sair e voltar
porque na minha idade não posso trabalhar
nem passar à reforma nem reformar as reformas
nem ministros nem governos
e porque finalmente que país ia eu presidir?
PEQUENA FARPA AOS PETROGALESES E GALPEANOS
OU A PRISÃO QUE TEM AS PORTAS ABERTAS



Chove! Estou sentado em frente ao computador (não aquele computador de obrigação, de mapas, programas, listagens) mesmo ao lados dos meus livros ( não os códigos, os impostos , o iva) olhando os meus quadros, depois de uma manhã de trabalho no atelier, preparando a minha próxima exposição. Estou sentado, depois de um almoço, feito de ensopado de borrego, com uma sobremesa de gelado e um café. Tudo a só, tudo em liberdade, esta liberdade que me permite ser o que quero, fazer o que quero, percorrer os caminhos que me dão gozo, falar com quem quero, escolher as palavras, os amigos, de manhã, à tarde, à noite, sem ordens, sem chefes, sem obstruções. Esta liberdade que me permite pensar, escrever, pintar, sem que tenha que obedecer a regras ou alienar a minha vontade.
Chove, mas poderia estar sol ou a nevar e nada me impediria de ir à praia, ao cinema, caminhar nas ruas de Lisboa visitando exposições ou observando apenas o ar de quem apressadamente
tem que chegar a algum lado, de tempo marcado, de coração nas mãos dos outros.
Chove, estou em casa mas poderia estar algures, visitando velhos amigos, antigos colegas, bebendo um café, numa galpescritoria qualquer dizendo au revoir a qualquer momento, saindo depois sem destino certo, apanhando os ventos da liberdade conquistada a 31 de março de 2002. Tantas vezes me dizem que volto amiúde ao local do crime. Pois é, mas esses infelizmente estão lá todos os dias e estão presos e condenados. E agora até aos 65!
BREVE RESPOSTA A SOFIA


Por muito que a ausência
seja profunda
Num país qualquer
mesmo com nome
Os desertos
Têm sempre água
Todas as noite têm lua
Toda a terra do mundo
não é nua
E por maior que seja
O desespero
Tudo na vida
Tem mais que um tempero!

quinta-feira, 20 de outubro de 2005

POSTES E POSTALETES


Estamos em Outubro mas já me cheira a natal. Caminho pela cidade nesta manhã cinzenta e chuvosa e esbarro com meia-dúzia de atarefados trabalhadores a esburacar os passeios e a plantar enormes postes para empoleirar depois os enfeites luminosos e coloridos.
De Outubro a Janeiro teremos por quase todas as cidades do nosso país centenas, senão milhares de postes plantados nos nossos passeios por entre os quais teremos de ziguezaguear.
Não são estes postes que estão em causa, porque são casuais, mas sim a invasão fixa de pinos pinotes e tabuletas que cravam nas nossas ruas. São os caixotes de lixo, são os vidrões, os papelões e as publicidades; são as proibições, são as facilitações e as demarcações; è o vira aqui, não vira acolá; são os postes de iluminação e os pinos para não estacionar. Então e os velhos ? e os invisuais? Somos é claro um país à beira poste plantado.

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

A GRIPE



Gripei no tempo! Não pelo frio que se arremessa ou pelas folhas que vão caindo, mas sim pelo rendilhado de palavras que diariamente nos lançam e perturbam. Vem aí a gripe das desgraças, das contaminações, das pandemias- dizem uns- é preciso matar, esfolar, vacinar, não tocar em aves, não comer aves, não esvoaçar com as aves. Outros, que não senhor, é preciso ter calma, a coisa não se pega para humanos, só quem lida com os animais é que deve ter cuidados. Então encomendamos milhões de vacinas. Então somos milhões a lidar com galináceos.
Vem aí a gripe nos vôos migratórios das aves turistas que percorrem o mundo. E os nossos caçadores esperam por elas, escondidos nas moitas, agachados nas albufeiras e barragens prontos a disparar. Estou a ver depois da queda da caça, o caçador de máscara e luvas brancas a prender o animal, com muito cuidado junto ao fato especial que comprou para o efeito ou ainda mais refinado, ver o cão de máscara na boca, tipo preservativo, para poder abocanhar as aves sem perigo para a sua vida.
E as vacinas que não vacinam nada estão esgotadas e as outras que podem ou não ter efeito só as teremos no segundo semestre de 2006. E entramos agora no mundo dos ses. Se houver gripe se houver mutação, se houver aves, se houver humanos, se houver pandemia.
Haja pandemia ou não este país é um pandemónio.

terça-feira, 18 de outubro de 2005

ANOTAÇÕES


No centro de exposições do CCB, estão actualmente as seguintes exposições:

"4 visões sobre o espaço" - onde poderemos ver a arquitectura de Aires Mateus, o segundo espaço da alemã Sabine Horning, o project room de Sancho Silva e a pintura e escultura da brasileira Adriana Varejão.


"World press photo 2005" - fotografia do mundo

"Catalysts" - design de comunicação

"Colecção berardo - construir, desconstruir, habitar" - com alguns dos mais notáveis artistas plásticos portugueses

Já visitei e revesitei estas exposições e brevemente falarei sobre elas, aconselho entretanto uma visita ao CCB.

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

DESPORTO

A bola é apenas um elemento esférico que rola ao sabor de impulsos num rectângulo de paixões. Os jogadores, em grande maioria, assalariados de luxo, em relação a um País tão mal classificado nos diversos rankings desta Europa unida, são peças de um xadrez descontrolado ou melhor dizendo, um xadrez controlado por uma casta que vai de dirigentes a árbitros, de jornalistas a empresários. O futebol é uma paixão, azul, verde, encarnada ou de outra cor qualquer mas não pode ser um campo de batalha onde se dirimam interesses, ódios, regiões.
A bola, sendo um elemento que rola, não pode ser empurrada por inverdades, quartada por negligências ou desviada voluntariamente por vontades expressas.
Temos a bola que temos mas não temos o País que queríamos. Temos todos os dias desafios importantes que perdemos, quantos de nós, mal treinados técnica e fisicamente somos rasteirados e driblados pela vida e no entanto mordemos a relva por esta paixão que nos assola: A bola!
ANOTAÇÕES

Concurso de poesia integrado nas festas da cidade da Amadora

1º PRÉMIO

Gritei por ti

Gritei por ti quando o mar cantava
As canções do meu tormento
E as ondas os murmúrios e o vento
Eram bálsamo que me embalava

E cada noite sem luar cada madrugada
Cantadas em marés de pensamento
Eram a maresia a espuma o alento
Que chamavam por ti em voz calada

E para as trevas o mar me arrastava
Curando-me as feridas qual unguento
E eu gritei por ti implorei ao vento
E tu ignoraste o que o mar cantava

Júlio Mira 5 de Outubro de 2005
DIA PRIMEIRO

Este é um novo horizonte para mim, este mar que agora se abre na minha frente é um desafio de modernidade no qual vou mergulhar, zarpando no desconhecido, tentando descobrir novas gentes, novas culturas, conquistando aqui e além, uma palavra, um verso, uma poesia, lançando noutras terras a semente da arte, os padrões da literatura, a simplicidade do dia-a-dia.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

bom dia