sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

LANÇAMENTO DO LIVRO 2



A casa cheia, cem pessoas para aí, a mesa composta pelo Editor Professor Albano estrela, que simultaneamente era autor de um livro também apresentado, Ana Viana , poeta e pintora que fez a apresentação do Livro de Albano Estrela, o Padre Rocha e Melo apresentador do livro "Éramos todos bons rapazes", por mim, autor do livro e por dois "dizeurs". Na plateia, camaradas da guerra, alunos da pintura, companheiros da tertúlia sempre acontece poesia, familia e muitos amigos, além do público em geral. A todos o meu obrigado. Gostaria que soubessem como foi importante para mim o vosso apoio, estas coisas, são na vida das pessoas marcos importantes e os meus amigos souberam interpretar esse sentimento, não é verdade Carlos Meirinho?

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

LANÇAMENTO DO LIVRO 1



Já sabia que tinha que falar, é da praxe o autor duma obra dizer alguma coisa para a plateia. Já sabia e por isso fico sempre aterrorizado com a situação, adoro a palavra escrita mas falar não é comigo, fico solene demais e não consigo ser tão fluente como desejo. Mas enfim alguma coisa teria de dizer e para isso andei uns dias a ensaiar um discurso curto, pensei numa das minhas conversas com o professor Albano Estrela em tempos idos porventura numa inauguração duma exposição de pintura em que dizia ao professor que gostaria de escrever um livro mas que não sabia se seria capaz, ao que Albano Estrela me respondeu «claro que é, clara que é». Mais tarde, quando do lançamento do meu primeiro livro de poesia e em frente ao professor lhe confessava com orgulho «pronto professor, já está» e ele, na sua imensa bondade respondeu «já está não, agora vai escrever outro e outro, isso já não pára». E claro ali estava eu com outro livro publicado, outro de poesia pronto para publicação, outro ainda de poesia já a meio, um romance começado e mais um ou dois na cabeça. Estava eu nestas cogitações quando surge a morte de Mário Cesariny e então pensei «porque não fazer uma homenagem a este pintor e escritor surrealista?» E então pensei num poema que falava:

de um porco que voa
com um livro na boca
duma casa com aves
de sóis e cometas
de ideais e ideias
de apitos e futebóis
de Sócrates e Platão
de um gato que ladra
dum cão que mia
mas o apito não apita
e a minha casa não pia
e no cometa, Sócrates as ideias e Platão
levam o porco pela trela
e o livro caindo de estrela em estrela
esbracejando, tenta esvoaçar.

E ia eu pela dez da noite na estação de sete rios, alinhavando estas palavras, quando na minha direcção vinha um rapaz novo, cego, de bengala em riste, apalpando o terreno, falando em voz alta, como que respondendo a alguém «não, não tenho vergonha de ser cego, tenho vergonha é de ser português!». Oh meu Deus e pensei eu que o meu poema era surrealista !
E depois da brilhante intervenção que o meu querido camarada e amigo Padre Rocha e Melo fez na apresentação do Livro, engoli o eu realismo, tranquei o surrealismo dentro de mim e minimalizei o discurso: Obrigado amigos.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

EIS O LIVRO!



"Éramos todos bons rapazes" já está nas livrarias de todo o país. O lançamento do meu livro, editado pela Indícios de Oiro, está marcado para 29 de Novembro pelas 18h30 no Museu da Cidade ao Campo Grande em Lisboa. Serão todos bons rapazes (e raparigas) se compareceram ao evento.
PONTO DE MIRA



Tenho um partido! Há dias realizou-se o congresso anual ao qual assistiram os dois congressistas do partido: eu e a minha consciência. A minha moção foi votada com 50% dos votos. Outros há que tiveram 97% dos votos...
UM PAI PARA QUE SERVE?



Um pai é como um preservativo: é uma coisa útil, serve para os momentos certos e delicados, é transparente, é oleado, é maleável, estica-se tanto como queremos, tem um reservatório onde alojamos as nossas ejaculações e sobretudo usamos e mais tarde deitamos fora.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

DEMOCRACIA?!!



Os governantes não declaram o que devem declarar; os deputados não declaram o que devem declarar; os árbitros não declaram o que devem declarar; os partidos não declaram o que devem declarar; as empresas não declaram o que devem declarar; alguns marquezes não declaram o que devem declarar, mas claro, o Zé declara e paga.
A FRASE


O país é uma gaiola, As gaiolas têm poleiro e o Zé é um pássaro de asas cortadas!

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

FRASES



A casa não pia e o apito não assobia. O orçamento é um aumento e o resto é um tormento. Qual é o português mais importante? Saudades leva-as o vento. E o pior? É o do momento, é o do momento.

domingo, 22 de outubro de 2006

LANÇAR A BISCA



Vou contar uma pequena história, anedótica e antiga mas bastante actual. Certa vez dois amigos encontram-se no café e um deles diz para o outro « vou dar-te uma notícia bastante desagradável, o carro onde ia a tua família teve um acidente e morreram o teu pai, a tua mãe e os teus irmãos», o amigo ficou em choque e desatou a chorar. Logo o companheiro o tranquilizou dizendo: « é pá não te apoquentes que só morreu o teu pai». Há dias o tal secretariozinho lançou a bisca dos 15,7% na electricidade, dias depois veio o ministro das luzes ao fim do túnel dizer: não se apoquentem meus filhos que são só 6%. Ontem como hoje...

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

A FRASE



A maior riqueza de um país é o seu potencial humano!
O DIA DAS BRUXAS




Passei há pouco por uma loja de trezentos e deparei junto à porta com um manequim vestido de bruxa. Não liguei. Quando estava a pagar a compra que tinha efectuado, ouvi uma cliente a perguntar à empregada se já estávamos no carnaval. «Não, não!» respondeu a dita «é para o dia das bruxas». Ah este país que não se importa de importar! Não tenho nada contra os EUA ( ou terei?). Vieram as cowboiadas, as colas, os hamburgueres, a batata frita, o Elvis, a Madonna; mordemos pipocas no cinema ao som de Spielgberg ou George Lucas, compramos pc's às carradas, abrimos o Windows, pesquizamos a internet, fazemos sexo por email, vemos assassínios em directo e guerras que não desejamos; olhamos os colegas no open space, revimos o budget, dizemos Yes ao manager, caminhamos para sénior, ok boss a reunião é às 18 horas! Mas o dia das bruxas senhor? Então se isto se importa e ninguém se importa, porque não importarmos um governo, para caçar algumas bruxas que para aí andam?!

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

UM AUMENTOZINHO DE 15%!




Veio um secretariozinho qualquer botar faladura na Tv dizendo que a electricidade vai aumentar 15% (!!) por culpa dos consumidores! Se a energia em Espanha é mais barata que a nossa, se o acabar do monopólio traria competição e baixos preços, esse senhor está a falar para quem?
SONDAGEM



Cinquenta por cento dos espanhóis querem que Portugal se junte a Espanha e formem a Ibéria. Por cá, numa tímida sondagem, vinte e oito por cento aderem a esta ideia. Dá para pensar. O governo porém continua a ignorar estes indicadores. Pensem meninos pensem.
OS MALANDROS OUTRA VEZ



Há uma cáfila neste país que está nitidamente a prejudicar os senhores pensantes e sua corte, estou como calculam a referir-me aos reformados (esses malandros) que além de não fazerem nada , ganham para aí fortunas de quatrocentos e quinhentos euros por mês. Agora, e segundo parece, outra onda de malandros vem engrossar esta coluna, são os deficientes, que também não fazem rigorosamennte nada e estão a ter enormes benefícios fiscais. Vai daí os senhores pensantes puxam do camartelo e pimba: aumentem-se os impostos, cortem-se os benefícios. Isto sim é governar, os malandros que paguem a crise, que os bancos coitadinhos precisam que o IRC seja diminuido.

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

MANIFESTAÇÃO



Apenas uma"manifestaçãozinha" de meia-dúzia de carolas (100 mil?) os suspeitos dos costume, que vieram à rua dizer tão-somente isto: NÃO! "Apenas" cem mil vieram às ruas mostrar que o rei vai nu. Cem mil, quase todos da mesma cor, gritaram ao "rei": não queremos um reinado assim. O rei nu, mas arrogante, olha em volta os bobos da corte, dá uma olhadela ao telejornal e sorrindo diz para consigo: que é que esta arruaçada plebe quer? não me fazem cócegas, prá frente é que é caminho. O pior é se um dia as cores primárias se juntarem às secundárias e mais às terciárias e chamarem a si as cores neutras, a paleta de cores farta de tanta pincelada se reunir num circulo cromático homogéneo e sair em profusão para as telas tantas vezes maltratadas, as cócegas do senhor rei poderão se transformar em infecção se não mesmo numa epedemia generalizada. E então neste reino d' aquém- mar muito barão se vai coçar.

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

A LIÇÃO DO PROFESSOR



Que tremenda lição de história nos deu o professor Adriano Moreira, ontem na RTP num programa lançado a más horas, que o povo não tem que ouvir lições destas, ditas com ar sereno e sabedor. Têm as nossas televisões o culto das telenovelas, dos telejornais desmedidos, das tricas do nosso jetset da treta que cultiva a imbecilidade e de outras anormalidades que por ora não comento. Para a cultura não há tempo porque também para os nossos cidadãos o tempo é pouco para a cultura. E é aqui que reside a questão principal: uma nação é todo um povo, toda a sua cultura, toda a sua história, se não aprendermos com o passado, se não envolvermos toda a nossa gente num processo de educação cívica e moral, se não avançarmos para uma aprendizagem da nossa realidade e das novas realidades que avançam a cada instante no mundo actual, o lodaçal onde nos encontramos rasgar-se-á em fendas profundas e o nosso futuro deslizará até encontrar um salvador.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

ARRUMADORES



Esta classe de "trabalhadores" que prolifera nas nossas cidades remete-nos para um grave problema desta sociedade dita democrática : o medo. Quando saímos de automóvel, quer para os respectivos empregos quer para um passeio ou até para tratar de um vulgar assunto e quando chegamos ao nosso destino e temos que arrumar a viatura somos confrontados com três situações: ou a rua não tem parquímetro e logo vem o solícito arrumador, pedrado da noite anterior, desgrenhado e sujo, de mão estendida para a exigida moedinha ou a rua tem parquímetro e nós cumpridores, com medo da polícia (que devia estar a fazer outras coisas que não a multar) vamos logo tirar a senha e colocá-la na viatura ou a rua tem parquímetro e nós cumpridores pagamos tendo depois à perna o tal solícito arrumador a cravar um dinheirito para o pequeno almoço que muitas vezes se reverte injectável lá para o fim do dia. E nestas três situações estamos a conviver com o medo. Medo que nos assaltem, medo que nos belisquem o carro, medo que a polícia nos multe, num espaço que é nosso e que as autarquias deviam preservar para a higiene e saúde pública dos seus munícipes. Vivemos em "democracia" mas com medos, estes e outros que mais para diante aflorarei. Arrumadores? não obrigado. Queremos as cidades limpas de viaturas, de poluição, de gente que não presta. O país precisa de quem trabalhe a sério, pois então em vez de se importar gente mal qualificada e sem destino, encaminhem esta classe para trabalho profícuo. Viver assim nesta "democracia", não!
NOVO LIVRO



Vai ser lançado pela Editora Indícios de Oiro, no dia 29 de Novembro, Quarta-Feira, pelas 18 horas e 30 minutos no Museu da Cidade ao Campo Grande, o meu novo livro "Éramos Todos Bons Rapazes" relatando histórias de guerra.
SEGURANÇA SOCIAL (?)


Foi hoje assinado com pompa e circunstância, no Centro Cultural de Belém, as novas directrizes para a segurança social. As entidades patronais, os empresários, a União geral de Trabalhadores (e não fossem chuchas) assinaram (de cruz?) esta nova ordem social. Apenas a CGTP ficou de fora alegando que os custos deste novo "produto" são de 99% para os trabalhadores e 1% para as entidades patronais. Dando de barato esta afirmação (por vir de quem vem) e fazendo um gordo desconto a tais palavras está-se mesmo a ver que não há segurança social mas sim "insegurança total".
EÇA OUTRA VEZ



Não resisto a retirar de um dos textos anteriores esta frase de Eça de Queiroz no livro "os Maias":
Este país é uma choldra!

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

O GRANDE DEBATE DAS COISAS PEQUENAS


Escrevi em Março deste ano, aqui neste blog, que a nossa televisão poderia (e deveria) iniciar o grande debate das coisas pequenas. Falei então de arrumadores de carros, riscadores de parede, colagem de publicidade, cuspidores de ruas, pombos e cães, e educação sexual , moral e cívica. Poderemos acrescentar mais alguns itens como : racismo, restaurantes e higiene e arquitectura urbana e paisagística. Num dos comentários ao meu blog, a minha querida colega e amiga Clara, observou e bem, que a questão no que diz respeito a pombos e cães passa muito pelos respectivos donos e por uma cultura de civismo que infelizmente este país não tem. As Câmaras Municipais têm muita responsabilidade nesta matéria e especialmente a C.M.Amadora, onde nós vivemos, não tem resolvido este problema. Os pombos que antigamente viviam praticamente na zona da estação dos caminhos de ferro e no jardim Delfim Guimarães proliferam hoje por toda a Amadora muito por culpa de uma "donas" que pensando que estão a fazer bem, distribuem água e alimentos pelas ruas, fazendo com que revoadas de aves venham à manja sujando não só a via pública como as janelas onde poisam e as viaturas que estacionadas na rua recebem os dejectos abundantes e corrosivos. A Câmara aqui deveria controlar o nascimento de novos animais bem como reduzir os actuais. No que respeita aos canídeos, também há quem ponha na via pública restos de comida para alimentar os animais vadios. Também aqui a Câmara e a Polícia Municipal deveria penalizar os infractores com as devidas coimas, não só para esta situação mas também para os dejectos que os inculpados cães deixam na via pública e os seus donos assobiando para o lado, não os apanham. Pombos e cães sim, mas com moderação, multas e coimas sim, mas pesadas.

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

EÇA OUTRA VEZ...



"- É extraordinário! Neste abençoado país todos os políticos têm imenso talento. A Oposição confessa sempre que os ministros, que ela cobre de injúrias, têm, à parte os disparates que fazem, um talento de primeira ordem! Por outro lado a maioria admite que a oposição, a quem ela constantemente recrimina pelos disparates que fez, está cheia de robustissimos talentos! De resto todo o mundo concorda que o país é uma choldra. E resulta portanto este facto supracómico: um país é governado com imenso talento, que é de todos na Europa, segundo o consenso unânime, o mais estupidamente governado! Eu proponho isto, a ver: que, como os talentos sempre falham, se experimentem uma vez os imbecis!"


in "Os Maias" ano de 1875
EÇA OUTRA VEZ...



"- É extraordinário! Neste abençoado país todos os políticos têm imenso talento. A Oposição confessa sempre que os ministros, que ela cobre de injúrias, têm, à parte os disparates que fazem, um talento de primeira ordem! Por outro lado a maioria admite que a oposição, a quem ela constantemente recrimina pelos disparates que fez, está cheia de robustissimos talentos! De resto todo o mundo concorda que o país é uma choldra. E resulta portanto este facto supracómico: um país é governado com imenso talento, que é de todos na Europa, segundo o consenso unânime, o mais estupidamente governado! Eu proponho isto, a ver: que, como os talentos sempre falham, se experimentem uma vez os imbecis!"


in "Os Maias" ano de 1875

terça-feira, 15 de agosto de 2006

EÇA ESTÁ ACTUAL



... queria uma república governada por génios, a fraternização dos povos, os Estados Unidos da Europa...Além disso, tinha longas queixas desses politicotes, agora gente do Poder, outrora seus camaradas de redacção, de café e de batota...


- Nisto: no ressuscitar do espírito publico e do génio do português! Sovados, humilhados, arrasados, escalavrados,tínhamos de fazer um esforço desesperado para viver. E em que bela situação nos encontrávamos! Sem monarquia, sem essa caterva de políticoa, sem esse tortulho da inscrição, porque tudo desaparecia, estávamos novos em folha, limpos, escarolados, como se nunca tivéssemos servido. E recomeçava-se uma história nova , um outro Portugal, um Portugal sério e intiligente, forte e decente, estudando, pensando, fazendo civilização como outrora... Meninos, nada regenera uma nação como uma medonha tareia... Oh! Deus de Ourique, manda-nos o castelhano!



- Portugal não necessita de reformas, Portugal o que precisa é a invasão espanhola.




In "Os Maias" romance de Eça de Queiroz
Século 19
INCÊNDIO


Podíamos ser um PAÍS, viver no paraíso, sermos diferentes de outros, sentados nas falésias contemplarmos o mar, bebermos a maresia num pôr dum sol que todos os dias nos visita e nos aquece as palavras e os gestos. Mas não. Caminhamos para o inferno, incendiamos as árvores e a floresta; armadilhamos as palavras e os sentidos; destroçamos este navio de frágeis amuradas que balança perigosamente ao sabor de marés e ventos contraditórios.
Ah barco periclitante! Não podes zarpar, nem sequer atracar, que Adamastor ou Camões te deitará a mão?
INTERREGNO



Mais um enorme interregno neste blog que eu pensava ser diário. Apesar de pertencer àquela "seita" que dizem nada produzir e de ser uma maioria retrógada e amorfa: os reformados (ah esses malandros), o meu tempo tem sido tão ocupado, com uma variedade enorme de assuntos que não sobra grande coisa para pensar e escrever. Penso que, apesar de algumas actividades que tenho para Agosto e Setembro, me sobrará engenho e arte para escrever algumas palavras neste blog. Vamos ver.

sexta-feira, 2 de junho de 2006


Família Euromilhões
Júlio
Tomás




Susana
Noémia
Isabel
Fernanda


Carlos

sexta-feira, 26 de maio de 2006

OS MELROS NO NINHO



Uma distinta inspectora da polícia do era uma vez um país diz, acerca do caso da casa dos meninos que não piavam, que havia mais melros no ninho. Prescreveram os processos coitados, com tantos borrachos no papo, lá tiveram forças e voaram nas asas do tempo. Por este andamento, todos os outros passarões baterão também a asa e no ninho ficarão apenas, para serem julgados e incriminados, os... mal pagos, os investigadores e o Ministério correspondente. Ah este país de brincar!
NOTÍCIAS DO CORREIO



Um em cada dez restaurantes em Portugal não é seguro. O que é seguro neste país?
MEDALHA DE OURO




Mais um primeiro lugar para Portugal: temos os combóios mais mortíferos da UE.
NOTÍCIAS DO CORREIO


No Porto, uma baleia morta deu à costa. Só os pintos é que não...

quarta-feira, 24 de maio de 2006

UMA QUESTÃO POR DIA


A nossa juventude está desde muito cedo a consumir muito alcool. Que diabo, porque é que o governo não os obriga a beber cultura?
COMEÇA AMANHÃ 2




Feira do Livro in Lisboa? Não, não, in Portugal!
COMEÇA AMANHÃ


Rock in Rio? Sim, sim, in Rio, in Rio!
SERÁ O MUNDIAL DE FUTEBOL IMPORTANTE?


Que me importa o resultado do Portugal-Angola, se não ganhamos o jogo contra a Economia. Que interessa o Portugal-Irão, se no desafio Portugal-Educação nem empatamos sequer. E o Portugal-México? Ah todos dizem que pode ser vital, não meus amigos, importante sim é o Portugal-Saúde ou o Portugal-Segurança Social onde a nossa defesa falha, o meio-campo não tem argumentos e os avançados não metem golos. E aí sim, a derrota está à vista!
PORTUGAL 0 - FRANÇA 1




Que delícia o futebolzinho dos nossos habilidosos!
OS HERÓIS



Os meus heróis não são estes, os que se ostentam e agasalham debaixo dessa bandeira verde-vermelha que se agita nas janelas, os meus heróis são os do mar, os que eu, nobre de nome e povo de vivência, sentia pertença de uma nação valente (hoje nação tolhida e acobardada) e imortal. Agora não se levanta o explendor de Portugal antes sim o explendor do "eu" do "euro" do "europa" e as brumas das memórias ficam esquecidas nas memórias ram desses discos rígidos que nos computorizam a Pátria e já não se sentem as vozes dos nossos igrégios avós que infelizmente já não nos podem levar à vitória. E esse grito de clamar às armas, substituído por esse inédito pintar o nome desses heróis sobre a terra e sobre o mar, morre pela calada porque contra estes canhões não se consegue marchar.

segunda-feira, 22 de maio de 2006

O PAÍS DO FAZ DE CONTA



20 horas! Chovem os noticiários nas tv's. No país do faz de conta abrem-se as notícias com o novo treinador do Sport Lisboa e Benfeitorias, o técnico do Sportuga Clube do Reino diz que não conta com o jogador São Pintarola e no Futebol Clube do Pinto continua a festarola. A selecção Nacional do Faz de Conta parte para estágio e as televisões vão atrás. E o povo delira. A selecção treina e o povo excita-se. Fazem edições especiais, antenas abertas, conferências de imprensa e o povo embebeda-se. O craque dar ares e bandeia-se e as meninas histerizam-se. Fazem-se cortejos, pedem-se bandeiras para as janelas, pinte-se o nome dos jogadores nas ruas clama-se e o povo encarneira-se. O governo, calado e mudo esconde um sorriso fugidiu. Nas entranhas desse reino imaginário, os reformados (esses malandros) viram os impostos aumentados, um qualquer secretarieco sugere que para amainar as contas desse país, seria bom cortar um mesito de ordenado aos reformados (esses malandros). Qualquer dia, um outro qualquer politeco, em nome da defesa (legítima) da boa frota de carros do reino, da defesa (mais que justa) dos cartões de crédito atribuídos aos gestores, directores, administradores e outros actores do Faz de Conta, sugere como não quer a coisa, a aplicação do P.E.R. (plano de exterminação dos reformados) e então sim, a balança comercial já não balançaria, o défice não era deficitário, o desemprego anular-se-ia, a segurança social rejuvenescia (podia até aplicar capitais, como noutros tempos) os carrões podiam ser de maior calibre, o crédito dos cartões ilimitado, as viagens para todo o mundo retomadas, mais as festas, os banquetes, até a reforma desses "idiotas" (entenda-se, claro está, como homens de mentes brilhantes) poderia ir aos 40 anos. Sim, que o P.E.R. apenas contemplaria os reformados (esses malandros) com mais de 60 anos. O governo, esse, calado e mudo, puxa as marionetes, fá-las deitar para a fogueira achas em surdina, para serem cozinhadas em lume brando e um dia quando os golos se esboroarem e o povo regressar a penates, é que esse país do faz de conta sentirá a guilhotina.
ERA UMA VEZ

Eu se fosse polícia nesse reino imaginário do "era uma vez um país", jamais prendia um ladrão, mesmo que o visse em flagrante, jamais multava um infractor mesmo que ele "voasse" a 250 kms hora, jamais "escutaria" um corrupto mesmo que ele jurasse a pés juntos que tinha comprado um apito cor de tudo. Eu, se fosse polícia, nesse país de brincar, jamais guardava costas, jamais fazia gratificados, jamais disparava um tiro, jamais investigava porque se calhar nesse país tudo isso é inconstitucional.

terça-feira, 9 de maio de 2006

MATERNIDADES




Fechem-se maternidades dizem uns,
abram-se maternidades dizem outros
faltam médicos, há médicos a mais, há crianças a menos
querem é matar a gente, vamos todos a Lisboa
Fala o povo, fala o ministro, fala o Presidente da Câmara
fala o médico e a ordem e a desordem também
grita a mãe, a criança e a avó
agita-se a assembleia, o partido, o governo cala
o deputado protesta, o padre proclama
ergue-se o gesto, o desvario
incendeia-se a chama
e o governo nem pio
Cantam os galos de Barcelos
excitam-se os de Santo Tirso
e os de Torres e outros que mais
e os de Elvas ó Elvas erguem bem alto a voz
e vem de lá então o governo e diz:
querem criancinhas de caracóis?
pois vão todos para Badajoz
para terem filhos espanhóis!
A PALETA DAS CORES



Era uma vez um país (ou restos de, ou talvez, um projecto de) que vivia do que não tinha, que não produzia o que comia, que não curava os males do que padecia, que não se importava do importar, que era campeão do pior e último na estafeta do melhor. Esse país, a que poderemos dar o nome de "Espertogal" viu-se de repente invadido por cruzadas vindas de África, do leste europeu, da américa do sul e da Ásia. Alguns destes cruzados, armados de nada, vieram, não para combater, nem sequer para encher de especiarias e ouros as suas frágeis embarcações, mas sim para fortalecer os impérios de alguns espertogais, capatazes de uma escravatura sem nome (ou com?). Outros trouxeram os vícios e os males doutras culturas e espalham pelo país fora o virus desses malefícios. Mas aqui-del-rei (sim porque esse país tem rei, mas infelizmente não tem roque) ai daquele que se atreva a dizer que o amarelo é amarelo, que o verde é verde ou que o preto é preto. Racismo. Xenofobia. Pode-se nesse país ser assaltado nos semáforos, por um qualquer americano sulista, pode-se ser roubado no combóio ou esfaqueado na via pública, mas ai daquele que gritar: foi o amarelo! Racismo. Xenofobia. Pode-se mesmo neste país ter um inquérito do MAI - Ministério das Aventuras Indigenas e ser chamado à pedra e quem sabe mesmo, ser crucificado. Por isso caluda! Nesse país de "falta tudo" há concerteza uma coisa com fartura: medo. Medo de falar, medo de dizer, medo de agir. As palavras existem no dicionário deles e podem e devem ser ditas. Nesse país do era uma vez, se continuar a existir o medo da palavra, poderá o imaginário mudar de cor.

sábado, 15 de abril de 2006

A PROPÓSITO DOS SURREALISTAS


Hoje comi batatas com pão frito
um pássaro na minha janela pia
o meu gato com pieira pia
o canário na gaiola sem grades pia
o meu pai grita o jantar é às oito
o que na minha casa é um rito
as cebolas caem do tecto
as lágrimas na frigideira
misturam-se alhos com caralhos
já nada é como dantes
quartel general em Abrantes
o sol penetra na vida
o analfabeto assina de cruz
as aves tossem com gripe
há quem penetre no cozido à portuguesa
outros na fatia de pão rico
Sente-se o bodo aos pobres
nos tachos vazios de massa
mas no bodo aos ricos
a massa enche os tachos
os martelos batem no tijolo e no tribunal
uns dão gritos de dor outros de razão
os lobos uivam
os burros dão coices
a manteiga engrena a farinha
o bolo reparte-se
os carneiros agitam-se
e nesta melancolia
de rios sem sobressaltos
o mar não ruge nem uiva
nem mia
mas a minha casa pia!
A AUSÊNCIA



Foi a 6 de março passado que escrevi o meu último texto. Um mês e oito dias depois retomo a escrita, pedindo desculpa por este interregno, mas os computadores também adoecem e o meu não foge à regra. Só que infelizmente o meu doente caíu no médico errado, teve vários diagnósticos errados e por isso teve também várias recaídas até ser internado e ter de substituir alguns orgãos. Tive sempre o coração nas mãos pois o medo de perder toda a informação que o seu cérebro continha, era enorme. Ainda não está completamente restabelecido mas a sua saúde é já bastante forte e por isso já posso estabelecer contacto com todos aqueles que me visitam.

segunda-feira, 6 de março de 2006

MENTAL OBESITY



Não posso deixar de transcrever o texto que que me foi enviado para o mail e que certamente tem corrido mundo. O professor Andrew Oitke publicou o seu polémico livro "Mental Obesity", que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral. Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna.

" Há apenas algumas décadas, a humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada. Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses."

Segundo o autor, "a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de protaínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono. As pessosas viciaram-se em estereótipos, juizos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada."

"Os cozinheiros desta magna fast food intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação. O problema central está na família e na escola. Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolates. Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Com uma alimentação intelectual tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada."

Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "os abutres", afirma:"O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais de realizações humanas. , paA imprensa deixou há muito de informar para apenas seduzir, agredir e manipular."

O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante. "Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais."

Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura. "O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy: Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve. Todos acham que Saddam é mau e Mandela é bom, mas nem desconfiam porquê. Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto." As conclusões do tratado, já clássico, são arrazadoras. "Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam na decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia."
"Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo. Não se trata de decadência, uma idade das trevas ou o fim da civilização, como todos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de uma dieta mental.

quinta-feira, 2 de março de 2006

O GRANDE DEBATE DAS PEQUENAS COISAS


A nossa televisão (a do Estado, logo...) continua a debater e bem, todas as segundas-feiras os grandes problemas da nossa sociedade. Falta no entanto um debate das pequenas coisas com que nos deparamos todos os dias em todas as cidades e vilas deste nosso pequeno país. Problemas que parecendo de menor importância têm vindo a aumentar, sem que os politicos, especialmente os autarcas lhes deêm a mais pequena atenção. Voltarei outro dia ao debate, mas deixo já alguns desses flagelos para que possamos meditar: Arrumadores de carros; riscadores de parede; colagem de publicidade nas paredes e obras de arte; publicidade porta-a-porta; ofertas de produtos pelo telefone; postes e tabuletas nos passeios; cuspidores de vias públicas; pombos e cães; educação sexual, moral e cívica e tantos outros aspectos que com pequenas intervenções e baixo custo se poderão resolver.

sábado, 25 de fevereiro de 2006

ARQUITECTURAS



Bairro 6 de Maio, Bairro de Santa Filomena, Cova da Moura, Brandoa e outros desmandos nas arquitectices dos nossos autarcas.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

UMA FRIDA ABERTA


Frida Kahlo nasceu no México em 1907 e morreu em 1954. Em vinte e oito anos produziu apenas 200 trabalhos, entre desenhos e quadros. A partir de hoje estão em exposição no CCB 26 obras suas que mostram a Frida aberta nesta mulher coragem que lutou numa época de enorme conturbação e onde as grandes mudanças sociais e culturais não deixaram de influir na sua obra. É contudo uma Frida pessoal e a sua vivência é o tema principal da sua obra. Esta autodidacta, pintora não surrealista como gostava de afirmar,( e não o contrário como pretendia André Breton, ideólogo do manifesto surrealista) , casada com o pintor Diego Rivera, fez a sua unica exposição em vida em 1953, no México e como estava em repouso por ordem do médico, apresentou-se na inauguração, vestida a rigor e metida na sua cama que foi transportada de ambulância para a Galeria. Uma exposição a não perder desta importante figura da arte mexicana do século vinte.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

UMA PERGUNTA NUCLEAR


Voltámos hoje a ouvir falar de energia nuclear e como tal da necessidade de Portugal ter centrais nucleares. Portanto temos que ter urânio e enriquecê-lo. Mas então não há o perigo de Portugal querer fabricar uma bomba atómica?

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

ALGUNS DISCURSOS SOBRE ARTE



"A própria linha tornou-se numa obra de arte, deixando de poder ser designada como casual, o que era possível quando a arte ainda se preocupava em dar aos objectos a forma como eram vistos"


Mondrian
1872-1944 - EUA
ALGUNS DISCURSOS SOBRE ARTE


"Quanto mais livre for o abstracto da forma, mais puro e assim, mais primitiva a sua percepção"


Kandinsky
1866-1944 - Rússia

domingo, 19 de fevereiro de 2006

A CANETA É UMA ARMA


A caneta é uma arma que alguns esgrimem e disparam
em todas as direcções
Canetas carregadas de tinta homicida dirão uns
de tinta suicida dirão outros
e nesta controvérsia dão-se tiros nos pés
à queima-roupa
e estamos então a suicidar os pés
e não podemos regressar ou regressaremos a penates
porque temos armas mas não temos tomates
porque isto de agricultura
bem plantada
não é preciso semear ventos
nem colher tempestades
basta ser marinheiro
e saber navegar
nas searas da democracia
mas outros há que zarpando mar adentro
navegam na cobardia
são como ratos que saltam do esgoto sorrrateiros
estilhaçam o queijo e morrem num rodado de autocarro
e nós continuamos a ter medo dos ratos
já não lhe pomos ratoeiras
deixamos que convivam em nossas casas
que cresçam e engordem das nossas migalhas
que espraiem nas nossas ruas e protestem
e nós condescendentes sorrimos
que o perigo é noutra rua é noutro bairro
e os nossos filhos partem para outras cidades e lutam
e morrem por uma democracia que não a deles (a dos ratos)
democracia corroída tantas vezes pela pena suicida
carregada daquela tinta mortífera que aliena
e destrói o pensamento
ENVELOPE 9 & COMPANHIA



A prova: noves fora nada!
A NOSSA TELEVISÃO


Telejornais de uma hora e tal, conteúdos de faca e alguidar, telenovelas de manhã à noite, meninas que pensam que são gente, côr de rosa até, jet set da treta, filhinhas dos papás, loiras e burras por aí, não esquecendo algumas morenas ( e morenos) que não sabem português, locutores e politicos que usam termos estrangeirados (para dar importância) que falem em "mídias" ( média, meninos, média), filmes repetidos vezes sem conta, Hermanes e Monchiques em provosão (a maricada está em moda). Muitos mais ingredientes têm as nossas queridas televisões, mas no fundo temos o que merecemos num país (ou algumas, muitas pessoas) que infelizmente temos.
A FIGURA E OS FIGURÕES



Joe Berardo pede um espaço para poder colocar à disposição dos portugueses a sua colecção de arte, avaliada em mais de 4000 obras. Uma tal ministra da cultura "exige" para tal, a doação ao estado deste fabuloso espólio. Que triste figura fazem alguns figurões da nossa praça...
PERGUNTAS INOCENTES


Quem é Deus? e Alá? e Maomé? e Jesus? e o Diabo? E os profectas quantas são? Será que temos que organizar um campeonato euro-árabe de futebol? E o sorteio o que daria? Deus contra Maomé ou Jesus contra Alá? Então e os Marroquinos não serão também muçulmanos? E os indonésios? Em que liga jogariam? Não é só no mundo do Futebol que temos visionários, algures por aí, nalguns ministérios, também os há.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

TATE MODERN


Galgar a cidade para sul, sair no underground de Mansion House, percorrer algumas centenas de metros sob um frio de - 4º, atravessar o Tamisa pela Southwork bridge com um vento de cortar só podia ser por uma boa causa: a Tate Modern! Londres tem quatro versões da Tate Gallery, o tempo só deu para visitar parte da Modern, onde se encontra uma vasta colecção de arte contemporânea. Não falarei hoje de Matisse, de Picasso ou de tantos outros pintores famosos que fazem parte do espólio da Tate, o meu deslumbramento vai para os expressionistas abstractos ali representados, nunca tinha visto tamanha representação duma pintura que me apaixona: Pollock, Newman, Still, Franz Kline, De Kooning e sobretudo Marc Rothko, com uma sala só para si, representado numa mão cheia de enormes telas, derramando emoções e extensões de cor que extravasam os quadros e nos remetem para uma profunda calma interior. Sentado no banco corrido a meio da sala, à média luz, mastiguei lentamente as sensações quentes e profundas que pairavam no ar.
Uma palavra para quatro pintores que eu não conhecia e vão merecer uma análise mais cuidada:
Cy Twombly e as suas quatro estações, pintadas em quatro enormes telas, a argentina Eilleen Agar e a autobiografia de Embryo, Constant com after us, liberty e Philip Guston com a tela de 1956 The return.
Uma tarde fria e cinzenta que foi aquecida pelo génio da pintura. Voltarei à Tate, aqui, para lembrar outros pintores representados no museu e voltarei a Londres para, então sim, percorrer a rota das quatro Tates.
O METRO

Um bicho de muitas cabeças


Sitiar-se em Marble Arch em plena Oxford street, percorrer a linha vermelha até Holborne, trocar aqui para a linha azul, passar por Leicester square e Piccadily Circus até Hyde Park Corner, percorrer longos corredores, subir escadas e passadeiras rolantes, mudar novamente de linha, contornar barreiras, galgar outros degraus, ir para a linha verde, mudar para a rosa ou para a cinzenta, parar e segundos depois entrar na carruagem, sair em Westminter ou em Notting Hill, entrar novamente, subir, descer , voltar à direita e à esquerda numa enredada paleta de cores, precisa, pontual e cansativa que se estende por uma cidade de onze ou doze milhões de habitantes. Esta aranha multicor não é um bicho de sete cabeças!
O RENDER DA GUARDA



A guarda rende-se, pela manhã, à entrada do palácio. A banda, engalanada, toca marchas e músicas modernas, os guardas vestidos a rigor, perfilam-se hirtos na formatura, insensíveis ao frio e à plateia multinacional que se barrica junto às grades do palácio. As digitais disparam a cada segundo, as máquinas de filmar memorizam as imagens, as crianças encavalitam-se nos mais crescidos tentando ganhar altura. Os guardas continuam impávidos e serenos a render os camaradas, naquele passo firme e elegante que caracteriza o modelo militar. A guarda rende-se pela manhã e eu também.
A PROPÓSITO DA MINHA VIAGEM A LONDRES



Barrei o desconforto que a viagem retém, com a compota de sonhos que um novo mundo proporciona. Enguli os precalços que o aéreo me engendra e preparei os maxilares para para uma mastigação rápida e concisa duns nacos de outra cultura. Há quem classifique os países por mundos, não sei se correctamente ou não, assim pensando, aterrei na cinzenta cidade de Londres, pertença de um mundo primeiro, vindo duma cidade e dum país que adoro, mas de um mundo que eu não quero classificar.

domingo, 29 de janeiro de 2006

BREVE RESPOSTA A AUGUSTO GIL

No dia em que nevou na Amadora


Batem leve, levemente
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
do casario do caminho.

Quem bate assim levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria,
Há quantos anos a não via!
e que saudades Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho.

Fico olhando esses sinais,
da gente alegre que passa
e noto, por entre os mais
os traços tão naturais
das crianças que a neve abraça.

E os risos floridos,
que a janela me deixa vê-los,
primeiro indefinidos,
depois, em sorrisos compridos,
porque não podiam contê-los.

Que quem a neve já viu,
não goze o momento, enfim!
Mas o sortilégio surgiu,
A criançada emergiu,
ficaram loucos assim!

E uma alegria arrebatadora,
uma profunda emoção,
entra em mim devastadora,
Cai neve n'Amadora
e cai no meu coração!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

EXPOSIÇÃO

ROSTOS OCULTOS


Vou começar o ano com uma exposição de pintura na Galeria Municipal de Fitares em Rio de Mouro. Com pena minha não é uma exposição individual, mas sim com outro pintor, Túlio Coelho, que não conheço, nem a sua obra. Nos tempos que correm não é fácil ter espaços para expôr, porque estes são poucos e os pintores, felizmente são muitos. Assim, os trabalhos que vou mostrar são apenas sete, embora de alguma dimensão, tendo o maior 100 x 150 cm. São apresentados trabalhos a acrílico e de técnica mista e ainda que sejam todos sem título eles representam os "rostos ocultos" que se misturam nos desígnios que a vida nos proporciona seja na crueldade da guerra ou nos tsounamis do quotidiano. Por isso, Bagdad, New Orleans, Afeganistão, Indonésia, Israel ou Palestina dão-nos rostos que ocultamos no emarenhado da cor e no abstracto das pinceladas. Ainda não é "aquela" exposição que eu tenho no pensamento, mas ainda assim, vale a pena visitar de Quarta-Feira a Domingo, de 21 de Janeiro a 12 de fevereiro, em Rio de Mouro, esta pequena mostra do meu trabalho.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

MISS SAIGÃO



A Rita teve a amabilidade de me oferecer bilhetes para um espectáculo no Coliseu dos Recreios. Um musical. Como sempre aceitei mas confesso que fui às cegas. Não tinha lido nada sobre a estreia, não sabia nada sobre o espectáculo. Mas suspeitei, relacionei a miss com Saigão, com o Vietname, com os américas, com a prostituição, com a guerra e seus apêndices. Não me enganei, só que pensei que o musical era americano, mas não, é sim made in London. Não li nenhuma critica, por isso estou à vontade para classificar, e como diria o João Pedro, "de 0 a 10 quanto dás?" Pois vamos pelos oito, que o espectáculo tem momentos brilhantes. De negativo apenas as condições que o Coliseu nos proporciona, que são más, desde o palco às cadeiras e a habitual "pontualidade" dos portugueses que chegam sempre tarde e a más horas apesar de os bilhetes alertarem que o musical começava às nove e meia da noite impereterivelmente. Um espectáculo a ver obrigatoriamente.
MEDALHA DE OURO

1º PRÉMIO:


Os portugueses são os mais desmoralizados e pessimistas num estudo realizado em doze países europeus.
O SENHOR ANÍBAL



Não me apetece politica. Não me apetece dislates, disparates e outros acicates. Nestas eleições raramente ouvi um discurso, um comicio, uma intervenção. Há outros valores para sentir a Pátria. Mas por acaso, numa manhã de viagem, ouvi a Antena um. Falava o senhor Aníbal, na insustentavel posição de Portugal, já que tínhamos bons trabalhadores, tínhamos bons cientistas, tínhamos boas empresas, tínhamos empresários empreendedores, enfim, tínhamos tudo para ser felizes. Só de um pequeno pormenor se esqueceu o senhor Aníbal: é que temos maus politicos e maus gestores!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

PENSAMENTO


"O amor é um combóio que nem sempre pára na estação que queremos"
O PAÍS DAS MARAVILHAS II




Ah este país das maravilhas
Do arroz de marisco
Dos pratos de lentilhas
Da bola
Da santola
Dos brancos e das minorias
País em risco
Dos impostos e das taxas
Dos que "pagas e nem pias"
Das tias
País alienado destruído
País sem campos
Nem pesca
País do desemprego
De reformados
De zés pagantes
De mal-amados
País sempre em festa
Dos futebóis
Dos ralis
Das otas
Dos têgêvês
Dos idiotas
País de mal-pagos
E fecundados
País apostólico
Católico
Sempre em missa
De mão estendida à moeda
Ao subsídio
À caridade
País de injustiça
De apitos dourados
De reformas douradas
De manias
E touradas
De casas Pias
País sem fronteiras
De brasucas
E chineses
De russos
De ucranianos
De negros
De ciganos
De maltezes e às vezes
País charneira
Entre o mar
E a Europa
Porta de droga
Janela de sida
Sala de chuto
Na vida
País dormente
Calado
Arrastado pelas palavras
Enganado
Das crianças sem verdade
Dos velhos sem pensões
Dos campos abandonados
Das cidades multidões
Da Europa distante
Ah meu país doente!
BOM ANO NOVO

O tempo das festas não deixou margem para a escrita, por uma razão ou outra não tive o tal tempo necessário para vir aqui deixar algumas palavras. Mas voltei e ainda a tempo e gosto de deixar um voto de BOM ANO A TODOS OS AMIGOS E LEITORES DESTE BLOG.