terça-feira, 22 de junho de 2010

O OITO E O OITENTA

Não há nada a fazer, somos assim, bestas e bestiais. Ainda a nau ia no oceano e já estávamos a afundá-la, agora que os ventos amainaram, já dobrámos o cabo das tormentas. Não e não. O mar é revolto, os adamastores ainda lá estão, a nau poderá adornar e não haverá Camões que nos salve. O cabo poderá (e deve) ser o da boa-esperança, mas vai depender muito das marés o dobrar de cada escolho que se avizinha neste oceano encrespado.

FADO, FÁTIMA E FUTEBOL

É este o nosso fado, comermos o pão que o diabo (os governos) amassou, ouvirmos umas fadistices nas televisões do nosso burgo, penitenciarmo-nos em três dias de Papa, empaturrarem-nos com 30 dias de futebol e tu António que malandro foste. Ai António, António, escondeste-nos sempre as nossas misérias com programas semanais de 30 minutos, ao Domingo, com o inimitável Alves dos Santos e uns relatitos da bola pelo castiço Artur Agostinho. Directos na televisão? Um horror António, um ou dois desafios por ano, para entorpecer as nossas cabeças. Agora sim, nesta nossa democracia, com jogos à Sexta-feira ao Sábado, ao Domingo, à Segunda-feira e quando não às Terças, Quartas e Quintas. Isto sim, é democracia, nada de intoxicar o povo, que a saúde, a educação, a economia vão uma maravilha. Agora com o mundial é um fartote, de manhã, à tarde, à noite, na Tv1, na tv2, na tv3, na tv4, na tv5, na tv7, na tv8, nas sportevês todas, nas rádios, nos jornais. Que maravilha! E o "burro" era o António? Acorda ZÉ!

AINDA SARAMAGO

Com a devida vénia transcrevo uma nota sobre Saramago do blogue "doportugalprofundo"


O passamento de José Saramago .

Faleceu, dia 18-6-2010, o escritor José Saramago.

Neste blogue não se pratica a hipocrisia, nem a desumanidade.

Gostava pouco do escritor. Apreciava o facto de ser um autodidacta, porque as tertúlias literárias e o decisivo apoio da sua ex-companheira Isabel da Nóbrega - que não consta da sua enviesada biografia (refere-se uma «forte perseguição religiosa» como motivo para ter mudado para Espanha!), da enviesada Wikipedia em língua portuguesa -, não proporcionam a mesma formação do que a frequência da universidade. Não gostava da escrita, não por preconceito ideológico, mas por motivo estético. Faço uma excepção para o seu discurso formal de aceitação do Prémio Nobel. Na arte e na cultura, não adiro, nem me encanto, por afinidade ideológica, mas pelo conteúdo e pela forma. Não gosto da forma de Saramago: aborrece-me o seu pretensiosismo ostensivo, os seus períodos longos - era melhor nos períodos curtos, onde sobressaía a sua secura. E tenho consciência de que o seu indiscutível êxito nacional, e ainda maior, internacional deste escritor comunista se deveu ao Marketing capitalista...

E não gostava da sua figura política, nem do homem.

No homem, não gostava da sua arrogância e rispidez, só temperadas com a sua última fragilidade, nem das suas contradições. Embora não esperasse que o carácter dos artistas esteja à altura da sua produção estética. Menos ainda gostava da figura política, que foi, em Portugal e no estrangeiro, com maior projecção do que a de escritor, apesar de revoadas de mudança dos autores obrigatórios nos programas liceais portugueses.

Foi uma figura política de enorme relevo. Até na morte serviu ao poder dominante para atacar o Presidente da República - que promulgou dois dias de luto nacional e respeitou o homem, quando não cedeu à fácil hipocrisia de vir dos Açores, onde se encontrava, para o funeral de alguém que o odiava e desprezava (como «génio da banalidade»). Comunista já antes do 25 de Abril de 1974, de humanidade selectiva - chorava os milhares de mortos da Inquisição, mas não condenava, com ímpeto semelhante, o genocídio estalinista de milhões, nem o Gulag - como lembra o Osservatore Romano, «A omnipotência (presumida) do narrador». No tórrido verão de 1975, no revolucionário Diário de Notícias censor e saneador de 24 jornalistas, e ele próprio depois saneado, no 25 de Novembro. Excluído, em 1992, o seu livro «O Evangelho Segundo Jesus Cristo» da candidatura portuguesa ao Prémio Literário Europeu, pelo Sub-secretário de Estado António Sousa Lara, auto-exila-se na ilha canária de Lanzarote, para onde partiu amargurado com o Estado cavaquista e o povo e enamorado de sua nova mulher, a jornalista espanhola Pilar del Rio. Embevecidos, os espanhóis tratam-no como um dos seus, por causa da sua adesão ao iberismo mítico espanhol, que pretende Portugal uma rebelde província espanhola - e é por causa disso que se notou, no seu passamento, ainda maior comoção em Espanha do que em Portugal e que a vice-presidente do Governo espanhol, Maria Teresa Fernández de la Vega veio a Lisboa à cerimónia das suas exéquias, que reuniram no Paço do Concelho de Lisboa, a nova aliança política Costa-Jerónimo (para contrabalançar a aliança Sócrates-Louçã). Ganha o Nobel, em 1998, muito para além da sua escrita, sobre outros candidatos mais notáveis, porque era comunista, que a ingénua e tímida esquerda escandinava sempre admirou, e porque era um autor português, na sequência de uma campanha publicitária e de relações públicas, na Suécia, do primeiro Governo Guterres, em 1997. Vituperando o capitalismo, deve muito do seu sucesso ao conhecimento que ganhou no inominável Marketing (como expôs o Carlos Santos) literário e do negócio dos livros, no contacto com as tertútilas literárias; por isso, escolhia como temas dos seus livros questões em moda, pois sabia que atrairiam imediatamente atenção mundial. Produzia declarações violentas contra personalidades e temas contestados, o que lhe garantia ainda mais fama - embarcando também na onda anti-sionista (em contraste com um cuidadoso silêncio sobre o fundamentalismo islâmico). Tornou-se uma espécie de pré-clássico, mais aclamado do que lido, pois, para além dos fiéis leitores e dos jovens que o tiveram como autor obrigatório nos liceus, a sua difícil literatura é muito louvada por quem nunca completou um dos seus livros ou sequer leu uma linha do que aí escreveu. Apreciado como uma espécie de último abencerragem da esquerda ortodoxa, pelos comunistas e socialistas, conseguiu o aplauso do campo ateísta, onde se reuniu a frente popular dos vencidos do marxismo - daí também a sua veneração no Brasil. E, no entanto, acho que, na sua repulsa, tinha uma funda atitude religiosa, precipitada no caldo de ódio-amor em que fervia a sua angústia.

Saramago morreu. Cada vez que morre um homem, com exclusão dos tiranos - e, nem mesmo aí, o homem tem a função do juízo último de Deus -, morre um pouco da humanidade. Portanto, apesar de lamentar o mal que o seu comunismo, o seu ateísmo e o seu iberismo, provocaram no mundo, condôo-me com a sua morte. A vida terrena é apenas um trânsito, enquanto não chegamos ao eterno sossego. Descanse em paz!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

PORTUGAL

Entrou mal Portugal no mundial? Não creio, entrou com aquilo que tem o que é pouco, pois com este lote de jogadores e sobretudo com este seleccionador não vamos a lado nenhum. Com este seleccionador "queixinhas" e com desculpas para tudo, a equipa das quinas, não irá longe. Há por aí muito comentador que tem deitado a baixo o trabalho que Scolari fez. Mas comparem lá o curriculo de um e de outro e verão que o senhor Queiroz, para além do trabalho com os "miúdos", não conseguiu brilhar em lado nenhum (e não foram poucos..) e nem ganhou título algum. Ao contrário Scolari...

MUNDIAL DE FUTEBOL

Ainda agora o campeonato começou e já há meia-dúzia de jornalistas e comentadores que se apressam a apontar favoritos pelo que viram num só jogo. Talvez se enganem e apareça por aí alguma surpresa... mas descansem que não é Portugal.

SARAMAGO

Morreu José Saramago! Escritor e homem controverso, deixa o País mais pobre com a sua partida. Escritor de Portugal e para o mundo deixa uma vasta obra e mais um prémio Nobel para a Nação Lusa. Não sou, como muitos portugueses apreciador de Saramago, tanto como escritor, mas também como personagem. Li vários livros dele e destaco sobretudo "Levantado do chão". No entanto não posso ficar indiferente à sua obra e ao que ela representou para a nossa literatura. Deixo pois, aqui, a minha homenagem a um homem que lutou pelos seus ideais.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

APITO DOURADO

A inacreditável odisseia de um bando de apitadores e não só que foram apanhados com a boca no telefone e agora estão como os passarinhos: livres! Mas que fique registado que o que eles disseram ao telefone são apenas... palavrinhas de amor... Justiça em Portugal? só para aquele desgraçado que ficou com o rabo entalado no buraco do supermercado.

EXPOSIÇÃO DE PINTURA

Hoje pela manhã fui até Algés ao centro de Arte Manuel Brito, que se encontra no Palácio Anjos.
Duas exposições estão patentes ao público, uma da pintora Graça Morais, com obras de 1985 a 2005, a outra "Por Paris" integra trabalhos da colecção de Manuel Brito sobre pintores portugueses e não só, que passaram por Paris. O espaço do Palácio é extremamente agradável com o museu rodeado por um enorme jardim, mesmo no centro de Algés. O espaço expositivo é amplo e merece uma visita de todos aqueles que se interessam pela arte. Mais adiante falarei sobre os pintores expostos.

O TACHO

Há algum tempo todos os partidos votaram na Assembleia da República, por unanimidade (coisa rara) uma lei em que os dinheiros para os partidos iam ser aumentados (mais coisa menos coisa). Agora quando se levanta a hipótese de reduzir o número de deputados, todos (os partidos) se levantam a gritar aqui del Rei que não pode ser. Os dinheiros do orçamento para a AR vão ser aumentados e os partidos nem pio. É claro que é o pobre do ZÉ que tem que pagar toda esta crise e mais alguma que estará na manga destes ilustres políticos que nós temos. Para fazer estas tristes cenas será melhor atentarmos no que dizia Eça de Queiroz no seu livro os Maias: " Vós políticos sois uns doutores, conhecedores, sabedores como não há igual, mas o país está na miséria. Porque é que não experimentam pôr os estúpidos a governar? ". Como diria o Senhor Medina Carreira, qualquer dona de casa faria melhor do que estes políticos da "treta". (sublinhado meu).