quarta-feira, 5 de agosto de 2009

ESTE PAÍS DAS MARAVILHAS

Há muitos anos quando entrei para a Emissora Nacional e antes de ler a "cartilha" sobre ética foi-me pedido o registo criminal. Tinha que ter a folha limpa, um cadastro impecável. O que se passa hoje agonia, mete nojo. Ladrões, vigaristas, arguidos, indiciados, condenados, estão na mó de cima. Felgueiras, Valentins e todos os Loureiros deste mundo, Ferreira Torres, Pretos, Sócrates e companhia, Casa Pia e a pedófilia toda, apitos dourados e suas orquestras, câmaras compadrios e mestres de obra, Freeport ingleses e Maddie, Bancos Rendeiros e Oliveiras Marques são os versos deste poema que é Portugal. Para culminar esta ode à inteligência dos portugueses, um grupo de deputados da nação recebeu na NOSSA casa da democracia um tal Pinto da Costa, a que alguns chamam papa mas que não passa de um sacristão de província, condenado por corrupção nos mundos obscuros do futebol. Com um país assim quem é que precisa de outro?

sábado, 1 de agosto de 2009

LISBOA 2

Há uma coisa que me incomoda sempre que percorro as ruas das nossas cidades e esse incómodo que por lapso não transcrevi no escrito anterior, começa logo que saio da Amadora e entro no combóio. O meu olhar, já com a composição em movimento, percorre as ruas, os separadores, os muros, as estações e até o interior da carruagem. O cenário é calamitoso, os riscadores de paredes apropriam-se da paisagem, conspurcando tudo à sua volta, tudo lhes serve para verterem as suas aberrações. Esta é uma geração rasca que não serve a este país.

LISBOA

Temos um Portugal lindo e a maioria dos portuguesos desconhem a beleza e virtualidades das nossas cidades e vilas. Na Sexta-Feira dei comigo no combóio a caminho de Lisboa. Tenho uma exposição marcada para Guimarães e como resolvi ir de combóio pus os pés a caminho de Stª Apolónia para tirar infomações dos preços e horários. A viagem é curta e rápida mas dá ainda para ver os atentados arquitectónicos que se fazem neste país, bem como analisar o comportamento das massas que fazem esta viagem, mas isso fica para depois, agora interessa-me o meu percurso do Rossio até à zona oriental de Lisboa. Desci calmamente a rua da Prata por entre ruas esburacadas e lojas vazias até ao Terreiro do Paço, entaipado por painéis e obras sem fim que nos cortam a visão do Tejo. Volto à esquerda, passo pelas arcadas até ao Café Martinho, entro aqui para beber um café, recordar Pessoa, sentir a poesia. Meia dúzia de turistas consomem o sol na esplanada paredes meias com a rua, desnivelada e trepidante com o passar dos autocarros. Ruído e poluição. Vistas parcas e pouco movimento. Sigo pela rua da Alfândega até à rua Cais de Santarém, passo pelo Campo das Cebolas, autocarros e eléctricos cruzam-se nas ruas sujas e esventradas, olho em redor, vislumbro a Casa dos Bicos em renovação, rodeada de prédios destroçados desgastados pelo tempo, com suas janelas e varandas de ferro, outrora bonitas, hoje retorcidas, corcomidas pelo tempo, que os donos sem piedade e sem dinheiro deixam ao abandono. Há no entanto quem recupere o antigo e dele faça novo e restaure os azulejos portugueses e os ferros e a traça. O ISPA, Instituto de Psicologia é disso um exemplo. Chego à estação da CP, trato dos horários e dos preços e volto para fazer o percurso inverso mas agora junto à margem do rio por onde existem barracões e restaurantes junto ao velho cais da fundição, de fortes recordações para mim pois foi donde parti para a guerra. No entanto, ao olhar o velho Museu Militar resolvi entrar até porque nunca o tinha visitado. O antigo palácio transformado no museu, com os seus tectos ornamentados com frescos do mestre Sousa Lopes e as suas salas decoradas com pinturas de Veloso Salgado, Columbano e José Malhoa entre outros, mostra-nos pedaços dos períodos históricos de Portugal e do mundo, desdes as invasões francesas até às duas guerras mundiais. De lamentar que o espólio da nossa guerra colonial se encontre encerrado em caixas, ao abandono, numa sala fechada. Já sabíamos que os combatentes que honraram a Pátria nas campanhas de África têm sido ignorados, senão maltratados, mas agora que todo o valor histórico que essas guerras nos deram esteja esquecido a um canto, NÃO. Saí com mágoa, mas voltarei para poder saber, junto das entidades oficiais, o porquê desta situação. Voltei pelo mesmo caminho com que fiz a ida, subi calmamente pelas escadas do elevador de Stª Justa e fui almoçar ao Chiado com o João Pedro. Cheguei a casa pelas três e tal da tarde, mas ganhei o dia.

AI O TEMPO

Não sei se o tempo voa, se sou eu que corro depressa. Já lá vai um tempo que não escrevo aqui no blogue, não porque não queira mas porque com tanta coisa para fazer chego à noite e não tenho aquele click que me faça sentar e escrever. No entanto a outra escrita, a dos poemas, teve um papel mais activo pois tive que enviar um pequeno livro de poemas para um concurso de Setúbal, ao mesmo tempo tenho duas exposições em Setembro, uma dos meus alunos da Universidade, que se vai realizar na Biblioteca nova da Amadora e a outra, de telas minhas, na Embaixada dos Sabores, também na Amadora. Além disso tenho um exposição marcada para Novembro na cidade de Guimarães. No que diz respeito à escrita mais um concurso se adivinha para Setembro, este exigindo um livro com 100 folhas. Tenho também de prepara o começo das aulas de pintura e, como não tenho juízo, ofereci-me para dar umas aulas de história de arte na Universidade, pelo que tenho que preparar todo o material para iniciar em Setembro o ano lectivo. A disciplina vai chamar-se "Arte e História (s)" e vai visar sobretudo a pintura contemporânea, tendo também uma vertente histórica na parte que diz respeito aos pintores e seus países de origem e de adopção. No contexto da arte e da história há sempre pequenas "estórias" que terão também aqui o seu lugar. Espero que tudo corra bem e que haja bastante público para as minha s aulas.