sábado, 9 de janeiro de 2010

A ESTAÇÃO DA PORTELA

Sentado na cadeira que apoia a mesa da caixa registadora, da pequena feira do livro que está neste momento numa pequena loja da estação da Portela de Sintra, tenho uma pequena visão para o exterior onde se parqueiam os autocarros que apoiam os utentes da linha de Sintra e que partem periódicamente para os lugares vizinhos, desde a Colares até à Ericeira. Ao fim da tarde, o burburinho é grande pois os combóios vão chegando trazendo de Lisboa quem foi à vida pela manhã, e das escolas que circundam a estação vêm magotes de putos, estudantes ou não, que acampam nas imediações até chegar o autocarro das suas carreiras. O espaço de tempo que medeia entre a chegada ao terminal e a efectiva partida é preenchido quase sempre por gritos, insultos, asneiradas. As raparigas são as piores, seja de doze ou treze anos ou de quinze e dezasseis, usam uma linguagem, que fica muito a dever à língua de Camões, comportamentos públicos de censurar, indumentárias e posturas físicas de lamentar. Rapazes e raparigas de aspecto bizarro, com conversas da treta, que serão a gente de amanhã. Quantas vezes me tenho questionado se Portugal tem futuro, mas agora interrogo-me se o Homem tem futuro.

2 comentários:

Lu disse...

Caro Julio Mira,
Peço desculpa contactá-lo por aqui. Sou assistente de investigação no Centro de Estudos Sociais e estou interessada na sua obra "Este mar que arde", mas não me é possivel encontrá-la. Trata-se de uma pesquisa relativa à Guerra Colonial. Conheço já o seu livro "Éramos todos bons rapazes" e dou-lhe desde já os meus parabéns. Se me contactar atraves do email:lucianamsilva@ces.uc.pt esclarecerei melhor a questão.
Grata pela atenção,

Luciana Silva

Anónimo disse...

Olá Júlio!
A cena a que assistiu é para mim o pão nosso de cada dia. Quando vagueio por aí a passear o meu Dog, por vezes à volta da meia noite,encontro grupos de jovens com um comportamento que me deixa arrepiada, tanto pelo vocabulário usado em altos gritos como pela algazarra que fazem junto aos prédios. Não respeitam ninguém, é uma tristeza.
Um abraço
M.Clara