Descobri este poema que ficou esquecido num pequeno caderno, algures numa gaveta. Vem hoje a lume e está actual.
Sei de um país moribundo mergulhado numa Europa
que tarda em fazer marear as pequenas naus
que nela se aventuraram.
Sei de um país inquinado por marés de incompetentes
que corrompem as amuradas de um barco
que zarpa sem destino.
Sei de um país angustiado que pergunta de boca-em-boca
que presente que futuro que destino.
E os ventos que nos fustigam não trazem novas
são rajadas de dúvidas são males e calamidades
que nos fazem vergar o pensamento
quebrar o corpo aniquilar a esperança.
Sei de um povo que já foi país
que foi para além do seu tamanho
ultrapassou oceanos e adamastores
desbravou savanas no fim do mundo
espalhou padrões em terras longínquas.
Sei de um povo que vive esmagado pelo martírio
encurralado nas tramas que os donos deste país
urdem e tecem no silêncio que o amordaça.
Sei de um povo que tarda em se levantar!
Presente de Páscoa
Há 12 anos
1 comentário:
infelizmente não perdeu a actualidade. Sem comentário!
M.Clara
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