quarta-feira, 23 de novembro de 2005

PONTO DE MIRA



Como o tempo corre! Ainda ontem era ontem e tanta coisa se passou entretanto: Os canditatos arrastam-se de terra em terra, beijam as velhinhas e os putos ranhosos, soltam picardias, constroem castelos de sonho num ápice, prometem fazer tudo aquilo que nunca fizeram e pelo caminham vão papando uns jantares e culpando os outros; outros, de saída, descobrem que os idosos e reformados estão em maus lençóis (só agora?!!) ; na Casa Pia é tudo pio, pombinhas brancas que esvoaçam na doce brandura dos nossos sóis, clamam inocência; no apito dourado é tudo de ouro, de alto quilate; os professores dizem não, não querem ser culpados; os farmacêuticos dizem não às medidas; A mãe da Joana não matou a Joana: claro não é culpada; os militares foram lançados às guerras e morrem, mas culpados? não há; o Benfica não ganha há cinco jogos, mas que importa a culpa?; a justiça não tem meios e não tem culpa; a Ota apanhou agora o TGV e não quer descarrilar; o desemprego aumenta mas não querem trabalhar; os bancos têm mais lucros e não querem mais impostos; o Governo não tem culpa, foi o Governo anterior. Ninguém tem culpa? Eu tenho, eu assumo as minhas culpas, porque trabalhei 45 anos e descontei, porque gosto deste País (?!!), porque criei dois filhos e os formei, porque me formei a mim mesmo, porque li e incentivei os outros, porque paguei sempre os meus impostos, porque fui à guerra e voltei, porque acredito no Benfica, na familia, na paz, na honra. Sou culpado, julguem-me e condenem-me, e já que não posso voltar para a ilha, mandem-me para as origens, talvez para o Condado Portucalense, talvez assim fique mais próximo doutros condados.

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