terça-feira, 9 de maio de 2006

A PALETA DAS CORES



Era uma vez um país (ou restos de, ou talvez, um projecto de) que vivia do que não tinha, que não produzia o que comia, que não curava os males do que padecia, que não se importava do importar, que era campeão do pior e último na estafeta do melhor. Esse país, a que poderemos dar o nome de "Espertogal" viu-se de repente invadido por cruzadas vindas de África, do leste europeu, da américa do sul e da Ásia. Alguns destes cruzados, armados de nada, vieram, não para combater, nem sequer para encher de especiarias e ouros as suas frágeis embarcações, mas sim para fortalecer os impérios de alguns espertogais, capatazes de uma escravatura sem nome (ou com?). Outros trouxeram os vícios e os males doutras culturas e espalham pelo país fora o virus desses malefícios. Mas aqui-del-rei (sim porque esse país tem rei, mas infelizmente não tem roque) ai daquele que se atreva a dizer que o amarelo é amarelo, que o verde é verde ou que o preto é preto. Racismo. Xenofobia. Pode-se nesse país ser assaltado nos semáforos, por um qualquer americano sulista, pode-se ser roubado no combóio ou esfaqueado na via pública, mas ai daquele que gritar: foi o amarelo! Racismo. Xenofobia. Pode-se mesmo neste país ter um inquérito do MAI - Ministério das Aventuras Indigenas e ser chamado à pedra e quem sabe mesmo, ser crucificado. Por isso caluda! Nesse país de "falta tudo" há concerteza uma coisa com fartura: medo. Medo de falar, medo de dizer, medo de agir. As palavras existem no dicionário deles e podem e devem ser ditas. Nesse país do era uma vez, se continuar a existir o medo da palavra, poderá o imaginário mudar de cor.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não comento porque se o fizer serei racista ou "xenofobista"
clara