Moita Flores no Correio da Manhã:
Deixem-nos descansar!
“Que se lixe se o País está parado. Pelo menos enquanto está nesse estado não tropeça”.
O País entrou na modorra estival. A Assembleia da República foi de férias. O Governo foi de férias. As repartições públicas entraram em regime de bocejo e o povo acha que está de férias porque o Verão chegou.
De repente, o Presidente da República interrompe o seu lazer algarvio. Vai fazer uma comunicação ao País. Um sobressalto do caraças.
O que teria acontecido de tão transcendente para o Presidente da República deixar a preguiça e comunicar? E logo circularam os boatos, mais velozes do que um foguete.
Ia anunciar a bancarrota do País. Preparava-se para informar sobre a unificação ibérica com a capital económica em Madrid.
Ou, até, vinha sugerir a hipótese de uma intervenção do Estado para impedir João Moutinho de jogar num clube estrangeiro.
O pessoal abandonou as esplanadas e as cervejolas mais cedo e sintonizou a atenção para as 20h00.
Uma desilusão! O chumbo do Tribunal Constitucional à autonomia dos Açores. Um País inteiro em fato de banho suspende a safra de tremoços e imperial, desinteressa-se das mamas da vedeta que veraneia em Punta Cana, interrompe as discussões sobre o ‘Apito Final’, fica o pessoal em pânico e afinal tudo por causa de um estatuto de autonomia?
Não está certo. Não é notícia que dê pica. Talvez seja para os açorianos, fartos de serem esquecidos pelos governos de Lisboa, mas não estimula a fauna que se bronzeia e se refastela nas praias algarvias.
Nada de sobressaltos. A coisa vai. Há desemprego mas não se pode dizer que Portugal esteja desempregado.
Há muita gente com fome e sem férias, mas também existe malta sem fome e com férias.
Uma Soraia qualquer está novamente apaixonada, o Cristiano Ronaldo já engatou outra brasa boa como o milho e o campeonato está aí á porta.
Férias são férias, pá! Serve aí mais umas cervejolas e traz tremoços.
Que se lixe se o País está parado. Pelo menos enquanto está nesse estado não tropeça.
Sossegadinho é que ele está bem. E não voltem a assustar-nos com um estatuto, seja ele qual for. Uma pessoa ainda tem um enfarte com um sobressalto destes.
Só os juízes do Tribunal Constitucional se lembram de trabalhar no Verão. É mesmo para embirrar.
Sem comentários:
Enviar um comentário