Por uma razão ou outra, não tenho feito os meus pequenos almoços no Centro Cultural de Belém, nas manhãs de Sábados ou nas de Domingo. Contudo neste último Sábado preparava-me para saborear as delícias da zona ribeirinha quando o telefone tocou e surgiu o convite para um almoço algures. Coisa rara de um filho que há muito abriu asas e voa sozinho embora ao fim do dia regresse ao ninho. Sugeri que fôssemos à Praia das Maçãs, aproveitando o sol que se fazia sentir, e poder desfrutar da maresia e das águas revoltas que a praia sempre nos oferece. Ir até Sintra é um passeio que frequentemente se faz, mas descer a serra por entre o arvoredo, no serpentear da estrada, passar por Galamares, curvar para Coláres e seguir até à Praia das Maçãs já não é um percurso assim tão habitual. A beleza do caminho, todo ele pelas sombras das árvores seculares, ainda está presente em mim. Hoje, como ontem, o velho eléctrico, vai marginal à estrada, percorrer o mesmo trajecto até desembocar na praia. Espreito os dois lados da via, e lá continuam os mesmos chalés, incrustados no pinhal que orla o caminho, o velho hotel e a colónia de férias. Hoje, como ontem, desci à praia, caminhei pelo passadiço de madeira que atravessa a praia e fui até à base da pequena serra que se intromete entre a Praia das Maçãs e a Praia Grande e que é berço daquele pequeno riacho que vem não sei donde, marginado por canaviais e arvoredos e que foi rio da minha infância. Parei ali, vergado ao peso das memórias, só eu sou o mesmo, as águas que correm para o mar são outras, os ventos que me fustigam o rosto são outros, as ondas que enrolam o meu olhar são também outras. No Sábado renasci ali!
Presente de Páscoa
Há 12 anos
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