terça-feira, 23 de março de 2010

OS SUBORNOS E AS PRENDAS

Somos um país de subornados e subornandos, de vigaristas de trapezistas e outros artistas. Somos um país onde meio mundo quer enganar o mundo inteiro. Do Zé ao Maioral! Somos enganados pelo coxo, que não é coxo nem cego; somos enganados pelos vendedores de rifas e peditórios; somos enganados na praça quando compramos às vendedeiras; Somos enganados nos saldos, nos descontos, nas pechinchas; somos enganados pelo tio, pelo primo, pelo irmão e da mulher nem se fala; somos enganados nos bancos, pelos spreds, pelos juros, pelos cartões. Somos um país onde se pedem favores, se trocam louvores, se untam os doutores. Subornamos o vizinho, o caixa do banco o empregado da pequena e da grande empresa. Subornamos a função pública, as finanças, as crianças, e as nossas próprias maningâncias. A tudo e todos damos prendas e prendinhas: umas garrafitas de vinho, umas jarras a alguns jarrões e até umas florzitas a uma colega na mira dum "queca" ao virar da esquina. Mas há prendas e prendas e aquela que há tempos me ofereceram e me está atravessada até ao limite é este senhor doutor, arquitecto, engenheiro ou meio engenheiro, de curso de pacotilha, domingueiro, que se chama José e que todos os dias me colocam na minha varanda diária que é o meu televisor. Felizmente que o meu tele comando funciona direitinho, e dando a volta manda-o pelo cano abaixo.

Sem comentários: