segunda-feira, 3 de março de 2008

BARREIRO

Há uns tempos que não ia ao Barreiro, cidade da margem sul, por onde andei alguns anos da minha adolescência. Para lá caminhei aos dez anos, quando iniciei os estudos na Escola Industrial e Comercial Alfredo da Silva. Foram quatro anos de viagens de combóio, outras vezes a pé, atravessando a ponte dos caminhos de ferro ou passando o rio num velho bote de madeira. A vila de então era escura, de casas acinzentadas, muito por via dos fumos e gases que as fábricas da CUF expeliam para a atmosfera tornando o ar irrespirável e a paisagem sombria. As velhas locomotivas a carvão também contribuíam para aquele cenário deprimente. Agora, há uma semana, porque o meu velho amigo Augusto Mexa, antigo companheiro de escola e camarada de armas, aqui e na guerra, me convidou para a inauguração da sua exposição de escultura e pintura, voltei ao Barreiro. Infelizmente , pouco mudou, as casas continuam cinzentas , as ruas esburacadas, os jardins mal arranjados. Nestes anos todos o mundo mudou, Portugal mudou, mas parece que o Barreiro mudou... para pior. Apenas a CUF mudou para Quimigal, as chaminés deitam menos gases, mas a modernidade parece-me que ainda não chegou. Não visitei a minha velha escola, talvez assim fosse melhor. Para minorar a minha tristeza apenas a qualidade dos trabalhos de Augusto Mexa os quais ficam aqui representados por esta colagem.

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