sábado, 22 de março de 2008

POEMA QUARENTA E QUATRO

Canto aos ventos tudo o que tenho e fiz
mas choro porque tendo tudo
tenho o que sonhei menos um país!

segunda-feira, 17 de março de 2008

TRÊS DIAS DE MARÇO

Sou o protagonista deste romance que escrevo em pequenos capítulos, contando histórias passadas, avivando o presente, perscrutando o futuro. As semanas e os dias passam a uma velocidade vertiginosa e quando nos damos conta, não escrevemos o que queríamos, por isso e antes que estes dias passem sem memória, quero falar desta última semana, especialmente três dias que me marcaram e, acredito, que a todos os intervenientes.

Quarta-feira 12

Um convite de um infantário-escola do Parque das Nações, para dar uma aula de pintura a crianças de dois anos e pouco fez-me voltar a ser menino. Falar de Monet, mostrar os desenhos, explicar o retrato e a caricatura; o modo de pintar no campo; as flores e a paisagem; as telas, as tintas, as misturas de cores, o cavalete, o carvão e a borracha; tudo sob um olhar atento de quinze ou vinte meninos, que perguntavam, respondiam e se alvoroçavam. Por fim, um por um, vieram ao cavalete e frente à tela, tomaram contacto com o carvão e as tintas e pintaram!

Quinta-feira 13

A Universidade Sénior entrou de férias e para encerrar o período lancei um repto a todos: Cada um trazia um petisco e fechávamos a aula com um pequeno almoço. Erro meu! Pela dez da manhã começaram a chegar os alunos e para espanto, o "pequeno" almoço tornou-se num banquete, tantas eram as delícias culinárias. Não houve aula de pintura, apenas uma breve sessão de história de arte para se poder olhar e ver duas pinturas, uma, abstracta, de agora, a outra do século quinze. Mas o importante foi aquele convívio entre pessoas que gostam de estar na vida , vivas, com prazer e com essa enorme capacidade de querer aprender. Não somos seniores, nem velhos , nem trapos, somos gente que quer estar na vida com dignidade, dando e recebendo sem exigir nada em troca. Merecemos dos governos respeito e mais qualquer coisa.

Sábado 15

A tertúlia de poesia da Amadora, que se reúne na Biblioteca da Câmara Municipal da Amadora na última quarta-feira de cada mês, em resposta ao convite e à recepção que foram feitos pela tertúlia de poesia de Alcanena, recebeu neste dia, uma comitiva de cerca de trinta pessoas desta cidade. Esta retribuição à visita que fizemos em Outubro de 2007 a Alcanena, contou com o apoio extraordinário da Câmara Municipal da Amadora através do seu Vereador da Cultura, Dr.António Moreira; da Biblioteca Municipal e da sua directora Cecília Neves; e de todo um staff camarário que se empenhou para que este momento fosse um êxito. Depois de um passeio pela cidade da Amadora e de visitas a locais de interesse histórico e de um almoço no Edifício dos Recreios, a visita terminou com uma sessão de poesia numa sala da Biblioteca. Mais uma vez se torna aqui a realçar este espírito de solidariedade entre cidades e seus habitantes que por amor à vida, à artes, à poesia tornam possível esta comunhão de ideais.

POEMA QUARENTA E TRÊS

Manifestações, sermões, conspirações
e outras inquietações
numa nação em que todo o mal se herda
e todo o bem se deserda
este país de glutões
está uma merda!

sexta-feira, 14 de março de 2008

E AGORA 75 ANOS PASSADOS?

"Um povo que não vê, que não lê, que não ouve, que não vibra, que não sai da sua vida material, do deve e haver, torna-se um povo inútil e mal-humorado"


In "Política do espírito", artigo publicado no Diário de Notícias em 21 de Novembro de 1932 por António Ferro, Secretário da Propaganda Nacional do governo do Dr.António Salazar.

terça-feira, 11 de março de 2008

Ó DIABO...

Com o título "As toleirices do ministro Jaime" escreve o JORNALISTA Alfredo Farinha um extraordinário artigo sobre o nosso país e os politiqueiros que navegam nestas águas. Com uma clarividência absoluta, Alfredo Farinha coloca o dedo na ferida, ou por outra, nas diversas feridas que nos chagam o corpo e chama os bois pelos nomes. Como o visado é o senhor Jaime, ministro de coisa nenhuma, diz o o articulista:" O senhor Jaime é ministro, ministro dum governo socialista, ministro dum senhor que se dá pelo nome de Sócrates, que é o chefe de todos, os outros ministros, aprendeu politica não se sabe onde (talvez no mesmo sitio em que, diz, terá andado a aprender o ofício de engenheiro de redes municipais de águas e saneamentos) mas ao qual se terá dedicado apenas durante o tempo indispensável para concluir que se tratava de uma profissão bem mais exigente e menos rendosa do que a de militante (qualifie of course) dum partido que se intitula, abusiva e mentirosamente, representante de um determinado naipe de portugueses que não ocupam nele, todavia, nenhum cargo de chefia importante: os trabalhadores. Na dúvida decida o leitor: dos dez, vinte ou cinquenta nomes dos socialistas mais conhecidos, incluindo Presidentes da Républica, Primeiros Ministros e Ministros mais destacados; deputados, presidentes de Câmara ou dezenas de Conselhos de Administração, quantos e quais terão sabido, por experiência real e não virtual, o que é essa coisa distante, maçadora e cheirando a suor, que é o trabalhador?"

ASCENSÃO DE SALAZAR

"A 1 de Junho de 1928, Salazar publica um decreto sobre incompatibilidades e acumulações de cargos. O objectivo deste decreto é claramente moralizador: eliminar alguns "tachos" bem remunerados."

Do livro: Os anos de Salazar.

PERGUNTA INDISCRETA

Quem quer casar com a culpa?
Neste país da treta, esta desgraçada morre sempre solteira!

É PRECISO OUVIR OUTRAS VOZES

"Portugal é um país muito pobre a caminho de graus inferiores de pobreza" - Marques Bessa, prof. catedrático


" Portugal já enfrentou pior, mas tinha elites rurais, aristocratas e homens bons. Havia um designio para lá do umbigo e das barrigas devoristas dos devoristas desta III República, que tomam a todos por tontos" - idem

" Mais vale ser marginal que viver na lei" - idem

"Os partidos já não são a solução do problema, mas passaram a fazer parte do problema" - Rui Moreira, Presidente da Associação Comercial do Porto


" Ao mesmo tempo que os 100 mais ricos de Portugal viram as suas fortunas num ano crescerem 36% a maioria das pessoas viu diminuídos os seus aumentos. Tudo isto cria um mal-estar profundo" - Fernando Nobre, AMI

PONTO DE MIRA

O informador da Pj foi vitima de acidente...pois...

O segurança do Colombo suicidou-se... pois...

Em Sacavém e Oeiras a arma disparada foi a mesma... pois

Um pedófilo da Casa Pia de terceira categoria foi condenado. E os outros? pois...

O galinheiro dos pintos continua douradamente de porta aberta... pois...

Há milhares de armas à solta... pois...

A nossa paisagem rural continua a ser poluída com a instalação desses monstros eólicos. Agora a mesma sumidade que parou o túnel do Marquês, quer instalar em Lisboa 25 torres eólicas... pois...

segunda-feira, 3 de março de 2008

BARREIRO

Há uns tempos que não ia ao Barreiro, cidade da margem sul, por onde andei alguns anos da minha adolescência. Para lá caminhei aos dez anos, quando iniciei os estudos na Escola Industrial e Comercial Alfredo da Silva. Foram quatro anos de viagens de combóio, outras vezes a pé, atravessando a ponte dos caminhos de ferro ou passando o rio num velho bote de madeira. A vila de então era escura, de casas acinzentadas, muito por via dos fumos e gases que as fábricas da CUF expeliam para a atmosfera tornando o ar irrespirável e a paisagem sombria. As velhas locomotivas a carvão também contribuíam para aquele cenário deprimente. Agora, há uma semana, porque o meu velho amigo Augusto Mexa, antigo companheiro de escola e camarada de armas, aqui e na guerra, me convidou para a inauguração da sua exposição de escultura e pintura, voltei ao Barreiro. Infelizmente , pouco mudou, as casas continuam cinzentas , as ruas esburacadas, os jardins mal arranjados. Nestes anos todos o mundo mudou, Portugal mudou, mas parece que o Barreiro mudou... para pior. Apenas a CUF mudou para Quimigal, as chaminés deitam menos gases, mas a modernidade parece-me que ainda não chegou. Não visitei a minha velha escola, talvez assim fosse melhor. Para minorar a minha tristeza apenas a qualidade dos trabalhos de Augusto Mexa os quais ficam aqui representados por esta colagem.