domingo, 19 de fevereiro de 2006

A CANETA É UMA ARMA


A caneta é uma arma que alguns esgrimem e disparam
em todas as direcções
Canetas carregadas de tinta homicida dirão uns
de tinta suicida dirão outros
e nesta controvérsia dão-se tiros nos pés
à queima-roupa
e estamos então a suicidar os pés
e não podemos regressar ou regressaremos a penates
porque temos armas mas não temos tomates
porque isto de agricultura
bem plantada
não é preciso semear ventos
nem colher tempestades
basta ser marinheiro
e saber navegar
nas searas da democracia
mas outros há que zarpando mar adentro
navegam na cobardia
são como ratos que saltam do esgoto sorrrateiros
estilhaçam o queijo e morrem num rodado de autocarro
e nós continuamos a ter medo dos ratos
já não lhe pomos ratoeiras
deixamos que convivam em nossas casas
que cresçam e engordem das nossas migalhas
que espraiem nas nossas ruas e protestem
e nós condescendentes sorrimos
que o perigo é noutra rua é noutro bairro
e os nossos filhos partem para outras cidades e lutam
e morrem por uma democracia que não a deles (a dos ratos)
democracia corroída tantas vezes pela pena suicida
carregada daquela tinta mortífera que aliena
e destrói o pensamento

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