segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O SILÊNCIO DOS "INOCENTES"

DO JORNAL "CORREIO DA MANHÃ" EXTRAÍ ESTE ARTIGO DA AUTORIA DO JORNALISTA ANTÓNIO RIBEIRO FERREIRA. PORTUGAL NO SEU MELHOR...

Estado do sítio

Silêncio e urdidura

Pronto. Acabou o silêncio de Manuela Ferreira Leite. A líder do PSD, como tinha prometido, falou ontem à tarde, a uma hora imprópria para directos televisivos e para quem aproveitou a noite de sábado para esquecer as agruras de uma vidinha cada vez mais deprimida.

Falou, mas, como seria de esperar, não convenceu os convencidos de que este Governo é o melhor do Mundo, que andam por aí a fazer o que devem e não devem para não serem alvo de alguma medida punitiva dos comissários políticos que estão em todo o lado, tudo ouvem e não perdoam a mínima heresia.

A senhora que lidera o PSD falou duro. A senhora que lidera o PSD falou claro para os indígenas deste sítio pobre, deprimido, manhoso, hipócrita e cada vez mais mal frequentado. Mas a verdade é que as suas palavras vão ser rapidamente levadas pelo vento socialista que vai soprando por esta terrinha. Em qualquer sítio democrático e civilizado as suas palavras dariam por certo um terramoto político. Aqui não. Quando a líder do principal partido da Oposição afirma, sem papas na língua, que o Governo tem uma máquina de comunicação e acção pouco democrática e que procura controlar os cargos públicos, os comentadores e analistas assobiam para o ar e insistem que o discurso foi uma desilusão porque Manuela Ferreira Leite não apresentou alternativas. Quando a líder do segundo partido do sítio afirma que existe uma máquina socialista que controla, persegue, corta apoios, gere favores ou simplesmente demite, os observadores, comentadores e analistas políticos assobiam para o ar, lembram que a senhora é conservadora nos costumes, despreza a modernidade e, claro, não apresentou alternativas.

O silêncio, como se vê, não é da líder do PSD. O silêncio é, afinal, o estado a que isto chegou. Um silêncio feito de medos, de favores, de falsas notícias, de propaganda e de muita corrupção, moral e material. O silêncio é, afinal, a imagem dos saltinhos de alegria e dos sorrisos felizes dos responsáveis socialistas pelo estado a que o sítio chegou quando souberam que um tribunal de primeira instância deu uma indemnização de 130 mil euros ao amigo e deputado Paulo Pedroso. O silêncio, afinal, é a célebre tese da urdidura inventada pelos socialistas para abafar o caso Casa Pia e atirar ainda mais para a valeta as muitas vítimas de abusos sexuais. O silêncio, afinal, é isto tudo. Mentira, cobardia, medo, propaganda e a miséria moral a que tudo isto chegou. Uma completa urdidura.

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