sexta-feira, 29 de junho de 2007

segunda-feira, 18 de junho de 2007

CAPARICA NUMA TARDE DE DOMINGO



Sei apenas que era Domingo, ao meio da tarde o sol tentava romper. O mar, esse, verde e bravio esbarrava na muralha de pedra que percorre a larga passadeira esburacada que vai do "barbas" até à praia do norte. O areal da praia, engolido pelas marés vivas, mostra-se aqui e além em pequenos recantos junto aos paredões que quebram a fúria das águas. De nada me serve a brisa agreste que corre, só uma tempestade calaria a minha indignação. Sento-me nos degraus que descem para a praia ausente e olho o mar, só o mar quebra a minha solidão e sonho com vagas alterosas que inundassem a realidade que tenho nas minhas costas e plantassem de novo extensos areais e novas dunas, expurgadas de corpos daninhos. Apenas o mar e um homem novo poderão ser a realidade desse sonho que quebra a monotonia da minha solidão.
FINALMENTE




Após várias tentativas consegui finalmente que o João Pedro me ensinasse a passar as imagens para o blogue. Como não tenho ainda as minhas fotos de pintura e outras no computador fiz um pequeno desenho com as ferramentas do paint. Espero que para carregar a memória com todos os meus trabalhos não seja preciso uma eternidade.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

UNIVERSIDADE SÉNIOR



Estive hoje no almoço oferecido pelos "jovens" estudantes da Universidade Sénior da Amadora aos seus respectivos professores, no finalizar de mais um ano lectivo. "Jovens": casados, viúvos, e divorciados, quase todos reformados (ah malandros) , na sua maioria com uma idade invejável, querendo conhecer mais, aprender mais, dar tudo de si aos outros e receber outros conhecimentos. Uma sala cheia de vida, vivida a cada instante, com uma alegria contagiante. Tanto empenho em querer viver. Mas o apoio a estas instituições por parte do estado é zero! Mas para outras salas, as de chuto, para aqueles que se querem matar lenta ou rapidamente, abre-se o estado todo risonho.
Não é a vida que é uma droga, mas sim o estado.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

A CASA QUE JÁ NÃO PIA



Como me choca ligar a Tv e ver a foto de Maddie! Como me atormenta ver trinta ou quarenta televisões não sei quantos repórteres e jornalista; polícias, agentes da guarda républicana, cães, cavalos, motas e motoretas; todo um povo daqui e além fronteiras levantado em "armas", perguntando, farejando, seguindo pistas, procurando caras; jornais, revistas, rádios e televisões fazendo entrevistas e programas, dando cada cabeça sua sentença. Como me martiriza tudo isto que me entra em casa em alarido ( e bem) e na "outra casa" em surdina cada vez se pia menos, como que um arrastar para o esquecimento. Ah este país de hipócritas!
P.E.R - PLANO DE EXTERMINAÇÃO DOS REFORMADOS



Mais um passo dado no sentido de castigar esses malandros (os reformados claro) e prosseguir na completa extinção desta espécie que nunca mais acaba. Agora é a CGD, braço endinheirado do governo SS (socialista Sócrates), que vem a terreno informar os seus clientes que, quem não tiver um saldo médio de 1000 euros terá que pagar o custo da manutenção das contas. É claro que o P.E.R. (plano de exterminação dos reformados) está a avançar em força. Avante camaradas (onde é que eu já ouvi isto?) agora já só falta a injecção atrás da orelha...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

O PAÍS DAS MARAVILHAS III




Ah este país das maravilhas
duma ponte para o Pragal
duns barcos para cacilhas
terra dos burros
num país de nhurros
nada está bem tudo está mal
todos são doutores
das ciências mais diversas
gente de mentes preversas
que assobia para o ar
que cospe para o chão
que risca paredes
que bate nos professores.

País de espertos
républica da bagunça
mar de ciganos romenos
e dos outros e de tanta
gente jagunça
que trapaceia e enrola
que mendiga e pede esmola
país das contas a descoberto
das viagens por pagar
dos algarves a transbordar
do chic do parece bem
do status de ter "bombas"
das meninas cor de rosa
dos bolsos sem vintém
das festa de arromba
da riqueza duvidosa.

País a retalho
qual manta desbotada
e tão curta que destapa os pés
e a gente reformada
e os putos
mas onde há manta
para as salas de chutos
e pontapés
com fartura para quem trabalha
e se desencanta


País descalabro
de TGVÊS e Otas
de Alcochetes e Poceirões
dos defensores das bolotas
das minorias dos calões
das casas pias
dos engenheiros
dos licenciados
das batotas
da Independente
ah meu país doente.

terça-feira, 12 de junho de 2007

À NOITE TAMBÉM HÁ SILÊNCIOS


O que é uma manhã de café e croissant nos silêncios do CCB ou uma tarde explendorosa na quietude dos arvoredos da Gulbenkian, comparadas com o desassossego da noite, quando mastigo a tua ausência?
GUINESS BOOK


Certa tarde de sol radioso estavam três ilustres personagens entretidas a contar as suas excentricidades. Branca de Neve com a sua doce voz dizia: Eu sou a mais bela do mundo. Logo o polegarzinho retorquia: eu sou o ser mais pequenino do mundo. Para não ficar atrás, pinóquio reclamava: eu sou o mais mentiroso do mundo. Para confirmar as suas opiniões foram consultar o Guiness, e logo Branca de Neve radiosa dizia "vejam cá está, eu sou a mais bonita". De seguida Polegarzinho folheando o livro também achou a sua verdade "eu sou o mais pequenino". Pinóquio, agitado, pegou no livro, procurou o mais mentiroso e de repente voltando-se para os seus companheiros exclamou: eh malta, quem é este Sócrates?

segunda-feira, 11 de junho de 2007

UMA TARDE NA GULBENKIAN



Pela calada dos arvoredos a tarde renascia explendorosa. Não havia silêncios senão em mim, as águas corriam em pequenos riachos para o lago, os pássaros enrodilhavam-se por entre a vegetação e chilreavam, as crianças ziguezagueavam por entre as árvores, os velhos refugiavam-se nas sombras e os namorados sentavam-se na relva. Não havia silêncios senão para mim. E não fora a presença do Álvaro Lapa, do Mário cesariny, do Artur Bual, da Paula Rego, as ausências seriam então, não um pequeno riacho que mergulhava no lago, mas uma maré que transbordava e inundava a solidão.
SILÊNCIO E TANTO MAR



Uma manhã no Centro Cultural de Belém, contemplando um rio que corre para o mar. Uma manhã de silêncios, pronúncio de ausências, maré de inquietações. Mares que se agitam ante uma bica e um croissant e inundam a bizarra quietude das oliveiras naquela manhã no Centro Cultural de Belém.
FUNDAÇÃO GULBENKIAN



Ao assinalar os cinquenta anos de arte portuguesa, a Fundação leva a efeito um conjunto de eventos que merecem um olhar muito particular. Para começar , vale a pena visitar a exposição, que nos mostra um conjunto de obras de autores portugueses, que marcam as últimas décadas da pintura moderna em Portugal.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

OS MOSTRENGOS ATACAM



Choque tecnológico dirigido aos jovens, para salvar o país.
Choque eléctrico aos reformados, para salvar a segurança social.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

OS LIVROS E AS SURPRESAS



Nestes últimos tempos convivi no meio dos livros que se espalham pelas bancas dessas feiras de livros que percorrem as estações de metro e dos caminhos de ferro. Corri os armazéns, escolhi obras que há muito já não se encontram no mercado, desencantei raridades, cataloguei e marquei obras de várias colecções. De tanto livro pelas mãos passados, descobri dois, da colecção escritor que pouca gente conhece, que me chamaram a atenção pelo que os adquiri pela módica quantia de
2 euros cada. Um, Elles, de Alberto Pimenta e Ana Hatherly fala da correspondência trocada entre eles e do qual falarei mais tarde. Outro, "Diálogos"fala também de uma correspondência, mas esta entre a pintura e a poesia, e que me surpreendeu agradavelmente pois desconhecia de todo a poesia de António Lobo Antunes e a veia de pintor de José Luis Tinoco. Como ainda não consigo transpor para o blogue a pintura de Tinoco vou por ora transcrever dois pequenos poemas de Lobo antunes:

I

Por dentro da tua voz quem me chamou?
Passaros não, nem choupos, só o mínimo
cicio ao rés das ervas do teu corpo.

II

Diz de mim o meu rosto que estou velho.
Mas como se ainda agora me sentei
nos joelhos do tempo a aprender
os cheiros do jardim e um dedo lento
se demora, a brincar, nos meus cabelos?

sábado, 2 de junho de 2007

O MOSTRENGO




O mostrengo que está no poleiro
na noite de breu ergueu-se a girar
à volta de nós rodou três vezes
três vezes rodou a clamar
"quem é que ousou duvidar
das minhas opções que não desvendo
do meu aeroporto no fim do mundo?"
e o pobre zé disse tremendo:
é o que o povo quer lá bem no fundo.


"de quem são os votos onde me roço?"
"De quem são os jornais onde me vejo e ouço?"
disse o mostrengo e rodou três vezes
três vezes rodou arrogante e grosso
"quem vem poder o que só eu posso
e quero a ota onde ninguém quer
e escorro os medos dum país profundo?"
e o esfarrapado zé disse a tremer:
é o que o povo quer lá bem no fundo.


três vezes ao poleiro as mãos ergueu
três vezes ao poleiro as repreendeu
e disse ao fim de tremer três vezes:
"na oposição ao poleiro sou mais do que eu
sou um povo que quer o que é seu
e mais que o mostrengo que a minha alma teme
que roda nos píncaros deste país de 3º mundo
manda a vontade que me ata ao leme
pois é o que o povo quer lá bem no fundo.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

SEIS MESES


Durante seis meses não escrevi uma linha. Tantos casos e ocorrências se passaram neste tempo. Terei que me socorrer da minha memória ram para alinhar os mais salientes e falar deles. Por agora e por alto lembro-me da eleição de Salazar, da "deseleição" de Carmona Rodrigues, do Benfica campeão... dos disparates, da espécie de engenheiro e da pequena Madeleine. Mas hoje é o dia da criança e por isso não falarei de "desgraças". Que vivam as crianças e que não saiam a alguns crescidos da nossa praça.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

"ÉRAMOS TODOS BONS RAPAZES"



Venho hoje, tardiamente reconheço, falar da apresentação do meu livro, cujo lançamento ocorreu no Museu da Cidade em Lisboa e daqui expressar os meus agradecimentos à Editora Indícios de Oiro. É evidente que sem o apoio do professor e amigo Albano Estrela e da minha querida amiga Ana Viana, jovem escritora e artista plástica, que gerem os destinos desta pequena mas importante editora, o livro e a sua apresentação não teriam o brilho que tiveram. Finalmente agradecer ao meu amigo e camarada Padre Luis da Rocha e Melo o brilhantismo da sua intervenção na apresentação do livro e cujas palavras passo a transcrever:



Éramos todos bons rapazes

A acção desta obra situa-se entre Outubro de 1967 e o fim do ano de 1969, em plena guerra colonial. O Batalhão de Artilharia 1924 formou-se em Torres Novas, umas semanas antes da partida e, no dia previsto, rumou na direcção de Luanda. Daí, para o Cuimba, entre S.Salvador e Maquela do Zombo, uma aldeia abandonada pelos colonos e ocupada então por militares portugueses.

Júlio Mira , autor deste livro, era um furriel miliciano que integrava a CCS (Companhia de Comandos e Serviços), e teria nessa altura vinte e poucos anos (já lá vão trinta e seis). Consegue, ao longo destas páginas, uma proza considerável: da de transformar a narrativa de uma guerra desumana e sem sentido num poema dramático que se lê ou se devora e se saboreia como se se tratasse de uma epopeia lírica. Mais do que narrar a aventura de 600 rapazes que partem obrigados para o desconhecido, onde o perigo espreita a cada curva da picada, faz entrar o leitor dentro dos sentimentos dos personagens, reais e simultaneamente simbólicos, protagonistas de um drama que não entendem mas têm de viver. "Éramos todos bons rapazes" e não tinhamos culpa nem responsabilidade do que se estava a passar, quando os ventos da história já sopravam ao contrário. Mas não tínhamos outro remédio: ali estávamos na saga de um batalhão metido à força na guerra de Angola.

Não faltam pormenores do que se passou ao longo desses dois anos e alguns meses. Há nomes concretos e situações verdadeiras. Mas como o bom poeta, Júlio Mira consegue transportar-nos para o comprimento da onda do universal, e fazer-nos experimentaro drama humano na sua profundidade. Medos, ansiedades, angústias que o desconhecido provoca, sobretudo se é perigoso, paliativos para os disfarçar, amizades quese criam, saudades e esperanças são apontados e tratados em perspectiva simbólica que pode ser aplicada à vida normal de todos os dias. Dois anos em tempo de guerra são para o autor uma espécie de flash do drama da existência, também ela cheia de tensões, de outra ordem, é verdade, mas não menos real.

A experiência descrita neste livro é bem vivida por protagonistas de carne e osso. O seu fascínio aparece, no entanto, quando o leitor descobre que os factos narrados são contexto e pretexto para ir ao fundo da experiência humana, e que a linguagem simbólica, inefável por natureza, o transporta ao indizível da existência, cheia de dramas e de alegrias, de incertezas e de energias escondidas, de medos e coragens, por vezes insuspeitáveis. O clima de guerra, sem inimigo visível que pode surgir a qualquer momento, a experiência vivida por um batalhão no norte de Angola que o autor compartilhou, foi o espaço que Júlio Mira escolheu para descrever o indescritível: a experiência limite de situações que fazem parte da humanidade. Um livro que vale a pena ler e reler.


quarta-feira, 30 de maio de 2007

ANTÓNIO ALEIXO



Na reunião das quartas-feiras da tertúlia de poesia, o tema era António Aleixo, esse genial poeta popular algarvio. Aqui vos deixo algumas quadras dele bem como duas de minha autoria que foram improvisadas durante a reunião.


António Aleixo


Fui polícia, fui soldado
estive fora da nação
vendo jogo, guardei gado
só me faltou ser ladrão.



Vós de lá do vosso império
prometeis um mundo novo
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério.



Sei que pareço um ladrão
mas há muitos que eu conheço
que não parecendo aquilo que são
são aquilo que eu pareço.



Júlio Mira


Podia ser engenheiro ou doutor
arquitecto, mestre ou regente
se conhecesse um reitor
duma universidade independente.



Sou social sem ser socialista
sou democrata sem ser social
sou camarada sem ser comunista
sou apenas português de Portugal.
VOLTEI!



Finalmente a escrita outra vez! Nunca com agora tive um periodo tão alargado sem escrever. Várias foram as razões, vários os prejuízos que daí advieram. Das razões, direi que após cinco anos sem obrigações de trabalho, envolvi-me no mundo dos livros, quase como por acaso, ajudando na montagem de feiras, seleccionando os respectivos livros e posteriormente fazendo a venda directa aos clientes. É um trabalho giro que requer alguma organização, algum "savoir faire" e muita paciência, não só com os clientes mas também com quem manda. Também as obras que iniciei em casa no princípio de Janeiro deram uma achega para este interregno. E só em Abril terminaram. Dos prejuízos, ganharam vulto a não escrita, a não pintura, a ausência na tertúlia de poesia, a falta às sessões das cinco horas frente à pastelaria Ninfa, as visitas mais dilatadas à "confraria" da petrogal, a não ida aos almoços dos antigos colegas da empresa, o não ter Sábados e Domingos, o chegar a casa às 23 horas e não jantar, o não ver Tv (Um bem, um bem) e um sem número de pequenos (grandes) detalhes entre os quais o escrever no blogue, visitar a internet , ler os emails. Enfim, um rol vasto de restrições que me levaram a pôr um ponto final nesta actividade livreira a que agora só muito pontualmente acederei. Voltei, e prometo escrever um pouco todos os dias.