quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

FELIZ NATAL



Parei a 7 de Dezembro. A poucos dias do Natal outras preocupações se manifestaram, embora o Natal tenha hoje outras motivações (erradamente) as correrias para as compras são uma loucura. O tempo passou e nem dei por isso, as mensagens e os emails foram muitos e nem sequer me lembrei que tinha o dever de desejar umas boas festas aqui no blogue. Ainda estamos a tempo e no tempo das festas aqui fica o meu desejo de um tempo novo, com felicidade e amor, com muita cor e poesia, com muitos projectos realizáveis, com sonhos das cores que a melhor paleta pode dar, com a vertigem duma vida nova para este ano de 2008 e para todos os outros que se seguirão.
Bem Hajam!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

CURSO DE POESIA



Terminou hoje o curso de poesia que o El Corte Inglés patrocinou. Foram 10 sessões informais nas quais o orientador do curso, José Fanha, dialogou com os presentes, no seu jeito peculiar, contou histórias, disse poesia como só ele sabe. Poemas e poetas galgaram as barreiras da nossa timidez, a poesia ganhou vida e voou no nosso imaginário. Fica no ar esta sensação de saber a pouco, mas fica a satisfação de termos conhecido novos interesses, novos poetas e um sem número de amantes da poesia com quem, de futuro, poderemos trocar experiências neste laboratório de palavras que é a poesia. Finalmente, um aplauso para os meus colegas de curso, que no fim aplaudiram o meu poema "O país das maravilhas 3" dito pelo José Fanha com a maestria que se lhe reconhece. Espero que no jantar de Janeiro possa ele dizer com tamanho brilho o "País das maravilhas 1" e o "País das maravilhas 2". Até lá.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

COLECTIVA DE ARTES PLÁSTICAS





A Galeria Artur Bual, na Amadora, organizou uma exposição colectiva de pintura com o título "Os Amantes do Chiado/Brasileira I" que abriu em 15 de Novembro e encerra a 9 de Dezembro de 2007. Esta exposição recria o ambiente do café "A Brasileira" onde durante dezenas de anos se juntaram poetas, pintores, jornalistas, escritores, que diariamente possibilitavam discussões, divergências e entendimentos entre várias camadas da intelectualidade da cidade de Lisboa. Esta exposição conta com obras de vários artistas plásticos portugueses que privaram "A Basileira". Vale a pena ver Almada negreiros, Cruzeiro Seixas, Artur Bual, Gargaleiro entre outros.
OS SOCRESTEIROS



Andam aí alguns, que socrasticamente nos socrestam porque são uns grandes socresteiros.

Não percebem? bem, eu traduzo: andam aí alguns, que segundo o sistema ou processos de Sócrates, nos sugam o suco porque são uns grandes comilões.

(Grande dicionário da língua portuguesa de Cândido de Figueiredo)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

DIÁRIO MEU



Diário meu, diz-me, que país é pior que o meu?
MAIS UMA MEDALHA DE OURO



Somos o pior país da zona euro, no que respeita a matemática, ciências e leitura, em jovens de 15 anos.
TEMPOS



Em tempo de reis
tempo de cortes

em tempo socialista
tempo de cortes.
PORTUGAL



Fomos celtas, suevos, iberos
godos, visigodos, lusitanos
lutámos em campo aberto
contra vândalos, árabes, alanos
fizemos esperas
vencemos mouros, cartagineses
espanhóis e romanos
hoje somos apenas Portugal e beras.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

UM DIA NA VIDA DE UM REFORMADO




Oiço tantas vezes dizer que a vida de reformado é uma maravilha, que não se faz nada, é só descanso. Pura ilusão! Ontem fiz uma pequena agenda para o dia de hoje onde anotei cinco pontos que teria que ter em conta:

1 - pelas dez horas da manhã ir ao dentista
2 - a seguir visitar os colegas da Petrogal e fazer o euromilhões
3 - correr aos ctt e levantar uma carta
4 - comprar uns sapatos ténis para a cara-metade
5 - ir ao fim da tarde ao Corte Inglés para a aula de poesia


Seria um dia bem preenchido com coisas boas se...
...pela manhã não tivesse uma pequena altercação com o João Pedro, coisas de pais e filhos, se...
...o dentista tivesse aparecido, se...
...os colegas da Petrogal não tivessem uma acção de formação e se não tivessem ausentado, se...
...a carta dos ctt não fosse uma multa de trânsito, se...
...não me tivesse esquecido de comprar os sapatos, mas...
... para compensar isto tudo a aula de poesia teve a leitura de poemas meus, do livro "Este mar que arde" ditos pelo José Fanha. Um dia cheio de precalços mas preenchido de manhã à noite.


quinta-feira, 29 de novembro de 2007

AEROPORTOS, E PORQUE NÃO?




Há quem queira só a Portela. O Governo (e não só) quer a Ota. O sr. Vanzeler manda fazer estudos para Alcochete. Outros clamam Portela mais um. A Associação Comercial do Porto e a Universidade Católica apontam para Portela mais Montijo. Além da A.I.P. (Associação dos Inválidos da Porcalhota) cujo estudo aponta para um só aeroporto entre a Damaia e a Porcalhota, também eu mandei fazer um estudo à M.E.R.D.A. (Movimento Ecológico e Radiográfico Dos Aeroportos) e cujos resultados dão como melhor opção, um aeroporto na Portela, outro na Ota, outro no Montijo, outro ainda em Alcochete e finalmente outro, em túnel, debaixo do rio Tejo com vistas para o mar da palha. Estará assim resolvido o problema do tráfego aéreo, sendo que, para complementar a interligação entre todos estes locais, implementar-se-á uma rede de TGV em túnel até aos Açores e à Madeira, passando pelas Canárias até Madrid. Assim, aquele objectivo dos 150.000 empregos a criar, será completamente ultrapassado, pois para tais empreendimentos serão necessários pelos menos 300.000 novos imigrantes, o que dará o novo impulso ao Bairro de Santa Filomena, à Cova da Moura e ao bairro 6 de Maio. A segurança social terá novos contribuintes, o Ministério das Finanças poderá aumentar o iva da fuba, da mandioca e das extensões para o cabelo e o Estrela da Amadora poderá exportar para o Manchester United novos Nanis, Miguéis e outros artistas da bola. Este país é um paraíso.
APOIANTES



Os apoiantes de Péron, são peronistas; os apoiantes de Salazar, são salazaristas; os habitantes do Magrebe, são magrebinos; os que adoram Bizâncio são bizantinos; os que apoiam Sócrates são sócretinos!
PARAÍSO




Triplicaram os crimes sexuais. No problem. A segurança na noite é frágil. No problem. Aumentam os assaltos nas ruas. No problem. Apenas 27% dos detidos por problemas com droga são detidos. No problem. Os acidentes na estrada aumentam.No problem. Os ordenados não sobem, o custo de vida dispara. No problem. Os reformados agonizam e os jovens desencantam-se. No problem. Temos o défice que temos e a inflação e o pib e a balança comercial e os orçamentos. No problem. O desemprego está na moda e os empregos são déjá vu. No problem. A educação não se educa, a saúde está doente, a segurança social não assegura. No problem. A economia é muito pouco económica e as finanças não financiam nada. No problem. Oh meu Deus, falta tão pouco para "isto" ser o paraíso!
AS NAUS CONTINUAM A ZARPAR




Sócrates vai à Índia. Adamastor onde estás tu?
DESENVOLVIMENTO HUMANO




Portugal está em 17º na tabela de poder de compra, literacia e esperança de vida. Europa a 25? Como é belo!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

DICIONÁRIO DE A a Z


CORRUPÇÃO

Acto ou efeito de corromper; devassidão; desmoralização.

(Grande Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo)


Ps. Palavra que devia de ser retirada dos nossos dicionários, já que neste país de brincar não existem corruptos, nem corrupção.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

DICIONÁRIO DE A a Z




BELO


Que tem forma agradável; que tem proporções harmoniosas; conjunto de qualidades que despertam um sentimento elevado e especial de prazer e admiração; que apraz ao coração e à inteligência como obra de arte.

(Grande Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

UMA SEMANA DE ARTE



Depois de uma ida ao CCB com os meus alunos de pintura da Universidade Sénior da Amadora, no dia 8 quinta-feira, voltei à noite para a inauguração da exposição "Caminhos excêntricos". No Sábado pelas 18 horas fui à inauguração de uma exposição de fotografia e pintura na Casa Roque Gameiro na Amadora. No Domingo, troquei o Centro Cultural de Belém pela Gulbenkian e fui ver no centro de exposições temporárias a exposição "Um Atlas de Acontecimentos", passando depois pelo centro de arte antiga onde conjuntamente com a exposição permanente se encontra uma outra dedicada aos "Gregos". Para rematar, pelas 16 horas fui ao Parque das nações onde se encontra a "Arte Lisboa". Um fim-de-semana diabólico, sem o meu pequeno almoço à beira rio, mas com uma ementa recheada de outros "manjares".

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

CAMINHOS EXCÊNTRICOS


Reataram-se no Centro Cultural de Belém as exposições temporárias, que se mantiveram encerradas enquanto se procediam às obras para instalação do Museu Colecção Berardo. Iniciou-se ontem este novo ciclo, com a exposição Caminhos Excêntricos e seguir-se-à dia 15 de Novembro a exposição "Um Teatro sem Teatro" co-produzida com o MACBA-Museu de Art Contemporani de Barcelona. Na inauguração de ontem, cuja visita é sempre limitada pela afluência de público ficou-me na retina três quadros de um jovem pintor checo de seu none Daniel Pitin. Óleos de grandes dimensões apresentam temas reais e figurativos que merecem para já uma outra ida ao CCB para uma observação mais cuidada. A exposição apresenta a arte contemporânia como reflexão actual dos processos de globalização na visão de 17 artista de seis países.
FEIOS, PORCOS E MAUS



Segundo os jornais deste quintal a que chamamos país, fomos galardoados com mais uma medalha de ouro. Estamos em primeiro lugar nesta europa a 27, no que diz respeito a falta de higiene. Já Vitorino Nemésio escrevia no seu livro "Mau Tempo no Canal" que os ingleses se referiam aos portugueses como sujeitos que ainda cuspiam no chão. Décadas se passaram e os portugueses continuam a cuspir para o ar e a assobiar para o lado. Este país não avançará enquanto a prioridade primeira não for a educação. Senão continuaremos a ser "Feios, Porcos e Maus".

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

DICIONÁRIO DE A a Z


ARTE


Conjunto de preceitos para bem dizer ou fazer qualquer coisa; artifício; habilidade; ardil; maldade.

(Grande Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo)


Ah grandes artistas...
AH GRANDES ARTISTAS




A exposição do Museu Colecção Berardo, patente no CCB, está dividida em seis módulos. Também a governação socialista está dentro destes parâmetros, senão vejamos:


No Museu: o poder da côr
no governo: a côr rosa

no Museu: figura reiventada
no governo: o ditador

no Museu: autonomia
no governo: o que mais se tem retirado aos portugueses

no Museu: minimalismos
no governo: os aumentos de ordenados e regalias

no Museu: surrealismo e mais além
no governo: os ministros e companhia

no Museu: pop e cª
no governo: a música que nos dão
O QUE É O SOCIALISMO?



...É a reclamação da justiça e da igualdade nas relações dos homens; dos homens que a natureza criou livres e iguais, e de que a organização social fez como que duas raças inimigas, uma que manda, goza e oprime, outra que obedece, trabalha e sofre: dum lado, senhores, aristocratas, capitalistas; do outro, escravos, servos, proletários...

Definição de Antero em 1871, e transcrita da Enciclopédia Internacional Focus


Onde é que eu já vi isto?

terça-feira, 6 de novembro de 2007

UM DIA DIFERENTE



Quando era miúdo adorava ir à Praia das Maçâs passar férias. Não era apenas aquele riacho que serpenteava pelas areias formando pequenas enseadas e desaguando depois no mar; nem o homem das bolas de Berlim, gritadas areal fora; nem sequer o pinhal que fronteava a casa das minhas tias, pleno de pinhões e camarinhas que faziam as nossas delícias. Era sobretudo o quarto do meu primo Zeca, recheado de surpresas, que ele, muito mais velho que eu, fazia saltar das gavetas. Eram recordações da meninice dele, jogos, brinquedos, bonecos de todas as cores e feitios, que ele me oferecia e eu delirava. Hoje, sou, não um coleccionador, mas um juntador de coisas pensando que um dia mais tarde, filhos ou netos, encontrem numa gaveta, numa caixa ou num canto qualquer, alguma coisa que os encante. Com as obras que tenho feito em casa, o espaço para as colecções não sobra, nem sequer para o amontoado de coisas que vou juntando. Assim, tudo tem sido transferido para o atelier de pintura, em caixas, em malas, em sacos. Por acaso hoje fui a um desses sacos procurar um cabide e encontrei uma lata que em tempos deve ter servido para acondicionar rebuçados e qual não foi o meu espanto quando descobri que estava cheia de legos. Peças de várias engenhocas, peças de um tempo que o João Pedro, meu filho,viveu quando criança. Como me ia encontrar com a Matilde, minha neta, resolvi levar a lata para lhe mostar. À noite, antes do jantar, despejei ao conteúdo da lata no chão e foi com alguma emoção que vi o João e a Matilde a a desbravar as peças e a tentar encaixá-las. Da cena, apenas duas notas quero realçar, a primeira da Matilde, que virando-se para o tio lhe pergunta «tio João ofereces-me os legos, está bem ?» e do João que virando-se para mim, pediu «passa-me aí essa peça, que se bem me lembro tem um perno partido» . Passaram-se mais de vinte anos, a peça continua partida, o nosso imaginário continua vivo, a geração Matilde agradece. As minhas caixas continuam no atelier, cheias de coisas velhas, que um dia os filhos e netos desbravarão.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

CORRUPÇÃO




Estreou há dias o filme "Corrupção". Onde é que eu já vi este "filme"? Foi baseado no livro de Carolina Salgado, mas poderia ser baseado em qualquer "outra novela" de que Portugal é fértil. A prepósito recomendo a leitura do livro "Golpe de Estádio" que já tem uns anitos, mas que a Editora Terramar resolveu, e bem, fazer nova edição. É uma história fícticia (?!?!) com nomes fícticios, mas que são bem reais. Dez vezes melhor que "corrupção", vale a pena ler. Para completar este leque de leituras sobre o futebol e suas "estórias" será bom estar atento ao livro "Futebol traído e humilhado" da autoria do mestre do jornalismo desportivo Alfredo Farinha. Hoje não há mais "Bíblias de futebol", antes sim, existem "manuais de terrorismo e subversão". No país dos três efes ( Fado, Futebol e Fátima) eu posso acrescentar mais um, que obviamente, e por pudor, não escrevo, mas que deixo à vossa imaginação.

domingo, 4 de novembro de 2007

O EL CORTE INGLÉS, OS LIVROS E OS CURSOS



O livro "Éramos todos bons rapazes" encontra-se à venda, entre outros locais, no El Corte Inglés. Todos os meus amigos podem e devem visitar a livraria do piso 0 do edifício de S.Sebastião e para além de comprar o livro, podem inscrever-se nos cursos de âmbito cultural que El Corte Inglés promove habitualmente. Os cursos são grátis, a simpatia muita e a cultura não faz mal a ninguém. A Susana Santos, responsável pelo âmbito cultural, agradece.

sábado, 3 de novembro de 2007

A GUERRA

Os nossos silêncios não podem ficar escondidos neste lençol de tempo que cobriu uma geração. Somos muitos para tão pouca mostra. Aqui fica o meu testemunho da guerra do Batalhão de Artilharia 1924, que percorreu nas terras de Angola, 27 meses de solidão e isolamento, de alegrias e temores.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

MENTES BRILHANTES



Neste país de faz de conta mais uma ideia genial, não sei se de uma ou mais mentes brilhantes. Agora, os condutores terão que ter estampado na viatura, um autocolante, avisando os demais, da perigosidade da sua condução. Se a moda pega, e à boa imagem hitleriana, usaremos na lapela um autocolante, tipo estrela de david, catalogando-nos pelos "pecados" que cometemos. Assim, os bêbados usarão uma targeta roxa, os gays um autocolante côr de rosa, os pedófilos um autocolante azul bébé, e assim sucessivamente para os depravados, os caloteiros, as prostitutas e toda uma gama de otários, salafrários e vigários, gastando toda a paleta de cores da Robbialac. Apenas uma côr deve ficar vaga: a preta. Essa fica reservada para os corruptos e para os políticos da nossa praça.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

terça-feira, 30 de outubro de 2007

REVISITAR A GUERRA




A guerra está na "moda", passou hoje na RTP o 3º episódio da série de Joaquim Furtado sobre a "nossa guerra". Não quero por ora fazer comentários, espero portanto pelo fim para dar a minha opinião. No entanto, para já, despertou em mim os tempos passados em Angola, e por isso fui vasculhar os meus escritos e não fui mais longe, para as fotografias, porque as tenho no atelier, algures numa caixa de cartão. Lá irei. Por agora recordo-vos um pequeno poema datado de 1968.



DANÇA


Dancei tango, bolero
valsa, twist
rock and roll
e sempre, sempre
na corda bamba!
A GUERRA



A guerra está outra vez no topo das nossas actualidades, não a guerra, pão nosso de cada dia nesse além-mar tão distante e tão perto afinal, mas a "nossa guerra", colonial, do ultramar ou como quizerem chamar. A tantos anos de distância não se vislumbra um bisturi que consiga dissecar os nossos silêncios. Fomos tantos os navegadores, somos tão poucos os que erguem, neste mar de novos adamastores, um livro, uma história, um poema. Também fui navegador, zarpei do Tejo até Angola e voltei. E sou dos que erguem, neste mar esquecido, as palavras escritas no livro"Éramos Todos Bons Rapazes" da Editora Indícios de Oiro, como testemunho duma geração. Deixo-vos um pequeno extracto duma história do livro. Eu fui à guerra e voltei mas...


..."eram quatro os meninos que da fonte nova bebiam. Eram quatro os meninos que noutras paragens desembarcaram. Eram quatro os meninos que queriam voltar à fonte nova, para beber aquela água outra vez. À fonte nova, vindos do mar, apenas chegaram três."
SEMPRE A CASA PIA



Com a devida vénia transcrevo hoje parte de um artigo publicado no Correio da Manhã no dia 29 de Outubro de 2007, pelo jornalista António Ribeiro Ferreira: "Desde que o escândalo rebentou em finais de 2002, uma grande parte da classe política, com o PS à cabeça, e altas figuras do Estado, fizeram tudo o que era possível e impossível para abafar o caso e evitar que os pedófilos fossem condenados. Substituiram o Procurador Sotto Moura por Pinto Monteiro, destruiram a brigada que investigou os crimes sexuais, afastaram Catalina Pestana e alteraram o Código Penal e o Código de Processo Penal. A ida de Pinto Monteiro ao parlamento é mais um episódio sinistro do escândalo nacional chamado Casa Pia."

A casa pia, os meninos piam, mas anda aí uma mãozinha a cortar-lhes o pio.

domingo, 28 de outubro de 2007

HOJE HÁ BOLA




Hoje foi uma tarde-noite fora da rotina a que me habituei nestes últimos anos.Fui ao futebol! Curiosamente uma rotina obrigatória há dez anos atrás. Como o mundo é redondo e a bola também. Também é com quem diz, porque para alguns a bola é mais parecida com uma batata ou com um calhau. E nisto também entra a lógica, não a da batata, mas a outra, que logicamente não tem lógica nenhuma. E porquê? Porque um desporto de alta competição, numa indústria modernizada, com treinadores e jogadores altamente remunerados, com estádios último grito da moda, com um público extraordinariamente sabedor das leis do jogo e vibrante no apoio aos seus clubes, com dirigentes pagos a peso de ouro, logicamente deveríamos ter um espectáculo grandioso quer no aspecto técnico e táctico, quer no comportamento cívico e de fair play de todos os intervenientes. Mas não. Os estádios estão vazios, o futebol praticado é da treta, os jogadores são manhosos, os dirigentes estão para se servirem, não para servir, o fair play varre-se para debaixo do tapete e os árbitros apitam tão douradamente que fazem inveja aos entalhadores. Hoje fui ao futebol, vou digerir por agora este Benfica - Maritimo e amanhã tecerei alguns comentários ao que me foi dado ver.

sábado, 27 de outubro de 2007

CASA MUSEU ANASTÁCIO GONÇALVES



Não fiz este sábado o habitual pequeno almoço no CCB e consequentemente a abordagem ao rio e à arte instalada. Fui sim, na sequência do curso de história de arte do El Corte Inglés, visitar a casa museu de Anastácio Gonçalves, ao Saldanha, perto da Maternidade Alfredo da Costa. As visitas guiadas são um complemento interessante mas normalmente ouve-se muito e vê-se pouco. Assim terei que lá voltar outra vez para, calmamente, poder disfrutar da maior colecção de pintores naturalistas portugueses do século dezanove. É um museu que vale a pena visitar, a começar pelo edifício, casa que José Malhoa encomendou ao arquitecto Norte Júnior, e que recebeu o prémio Valmor em 1905. Posteriormente a casa foi comprada pelo Dr.Anastácio Gonçalves e que foi legada ao Estado em testamento em 1964. O acervo integra cerca de 2000 obras de arte, desde a pintura a porcelanas da China, até mobiliário e ourivesarias. Mais uma vez esta visita teve a cortesia do El Corte Inglés. A não perder.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

EL CORTE INGLÉS



Outra vez o El Corte Inglés. Acabou o curso de história de arte com um jantar no restaurante do 7º andar. Mais uma vez gentileza da Susana Santos, incansável no bem tratar dos participantes. Dez aulas apenas e uma sensação de saber a pouco. O que era previsto ser do renascimento até hoje, ficou reduzido a dois ou três pintores, mas valeu a pena, ainda que se perdesse muito tempo na discussão do acessório ou a tentar adivinhar o sexo dos anjos. Ficou a pergunta no ar: e o resto Susana? E ela prometeu que o resto virá, e ela cumpre! Ficamos pois à espera de mais história da arte e até lá ficamos com a poesia e o José Fanha , outra figura incontornável e de uma simpatia impar. O El Corte Inglés está com a cultura e nós agradecemos. Não é só a participação gratuita nos cursos, nem o coffee break que nos oferecem, mas também e sobretudo a simpatia da Susana Santos e da sua equipa. Aqui fica este apelo a todos os bloguistas que me lêem: todos ao El Corte Inglés, rapidamente e em força.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

A GUERRA


Com trinta anos de distância ainda são poucas as vozes que falam da guerra. Passados trinta anos a guerra ainda está presente em muitos de nós e na maioria dos casos pela pior lembrança. Em trinta anos, não foram os "democratas" de hoje capazes de resolver a questão colonial nem tão pouco tratar com dignidade aqueles que serviram a Pátria. Os que lá ficaram , foram entregues ao destino, os que regressaram são ignorados e tratados como se inimigos da nação se tratassem. Eu fui à guerra e voltei, tenho dela boas e más recordações. Parte dessa experiência está relatada no meu livro "Éramos todos bons rapazes" da Editora Indícios de Oiro. Há ainda muito que discutir sobre as campanhas de Àfrica, há muito que escrever, há muito que relatar. Dei um pequeno contributo mostrando uma outra visão da guerra e espero que outros o façam, não quero no entanto que me tratem como se fora um soldado de Salazar.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

terça-feira, 23 de outubro de 2007

A FRASE DO DIA




Somos um país de histórias mal contadas!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

PONTO DE MIRA



Nunca gostei muito de pintos, gosto mais de frangas, mas justiça das justiças cada pinto cada melro (ou cada caldeirada)...
AS MINHAS OBRAS DE PINTURA



Finalmente consegui colocar alguns quadros meus no blogue. Até conseguir um site próprio (que está em execução) vou tentar transferir mais algumas pinturas para este meu sitio de conversa. Espero que seja do agrado geral, ficando por isso à espera de comentários ou pedidos de esclarecimento.

domingo, 21 de outubro de 2007

UMA MANHÃ EM LISBOA




Domingo, 21 de outubro de 2007. O tempo já não é o que era, está uma manhã de sol. Percorro o IC 19, volto para os cabos de Ávila, entro para Lisboa pelo alto do Restelo, ladeando Monsanto e Caselas, descendo a larga avenida até ao CCB. Sem trânsito, sem stress, arrumo o carro e caminho paralelo ao Mosteiro dos Jerónimos. Do outro lado o Centro Cultural de Belém e o monumento aos descobrimentos. Entre margens, um rio que desliza suavemente para o mar, canta os heróis navegadores. As Tágides, porventura sentadas nas fontes que povoam os jardins, contemplam o movimento de gentes que percorrem as ruas, na ânsia de beber o néctar de cultura que jorra do Mosteiro dos Jerónimos, do Centro Cultural de Belém, do Museu de Marinha, do Museu de Arqueologia, do Museu dos Coches. Mais adiante junto ao Palácio de Belém, a GNR faz o render da guarda. Tocam as fanfarras , desfilam os guardas e os cavalos, e o povo pára para ver a banda passar. Páro num quiosque e compro um jornal, entro nos pastéis de Belém, tomo um café e um doce, dou uma vista de olhos pelo periódico e vou andando até ao rio. Percorro o espelho de água, sinto o cheiro da maresia, vou pela relva onde os putos em longas correrias, desatinam numa bola. A banda da Guarda Nacional Républicana toca agora no relvado, os cavaleiros evoluem no recinto, desenhando espaços ao som da fanfarra. As esplanadas convidam ao espectáculo e à bebida, o sol continua nesta manhã de Outubro a querer ficar, juntando-se à festa. Retomo o meu caminho até ao CCB, são horas de almoço, a esplanada do terraço da cafetaria é um pretexto para a refeição, o sol, o rio e a paisagem são o complemento duma breve pausa. Lisboa tem sempre estas manhãs, as gentes é que nem sempre se atrevem as disfrutar da magia deste espaço.

sábado, 20 de outubro de 2007

O APITO ENCALHADO EM TALHA DOURADA
OU A JUSTIÇA NESTE JARDIM DOURADO


Podia ser o apinto dourado ou o apito da costa, mas não, é o branqueamento de neve, branco e leve, branco e puro, que apita leve levemente como quem chama assim: não é penalty, não é golo! mas os árbitros senhor, porque lhes dais tanta dor, porque padecem assim? Afinal não é nada, as escutas são apenas uma pequena desconfiança e o Porto pula e avança como bola colorida por entre as mãos duma criança...
A JUSTIÇA NUM PAÍS DE BRINCAR



A casa pia, mas a caravana passa.

domingo, 14 de outubro de 2007

FEIOS, PORCOS E MAUS


Título do jornal Record depois da vitória no Azerbaijão: Scolari não é preciso!
Ah estes ódios de estimação de meia dúzia de jornaleiros.
BREVE RESPOSTA A FERNANDO PESSOA



O poeta não é um fingidor
porque a dor que deveras sente
não é fingimento é a dor
que ele vive completamente

Mas o político que fala e escreve
e trata a dor com desdém
finge que essa dor ele já teve
não é só o povo que a tem

E assim nas calhas da roda
gira a entreter a razão
finge-se democrata da moda
e que se lixe o zé povão.
A PERGUNTA



Porque não abrir um concurso internacional de um outsorcing para governar esta espécie de país?
NÓS OS REFORMADOS




Não sei porquê acho que nós, os velhos, os cotas, os reformados (ah malandros) estamos a mais. Acho não, tenho a certeza, que somos nós que descontrolamos a balança comercial, desequilibramos o défice, enfraquecemos as exportações, levamos para a banca rôta a segurança social. Sem nós este país seria um oásis. Não seria necessária polícia, porque a violência e a gatunagem deixavam de existir; a corrupção acabava porque os corruptos já eram; as salas de chuto não seriam necessárias porque haveria casas vagas com fartura; as seringas desses cotas diabéticos já poderiam ser distribuídas a essa juventude estóica; os políticos já não tinham problemas com os orçamentos; os brasileiros, os pretos, os romenos e todos os indígenas desta globalização triunfante já poderiam dormir descansados, pois já não seriam assaltados nas ruas e nos combóios das nossa cidades. E para que todos possam viver na paz do Senhor, oh nossos bem amados governantes, não nos aumentem só o IRS, dêem-nos uma injecçãozinha atraz da orelha...
EL CORTE INGLÉS




Não sei quantos anos tem o Corte Inglés em Lisboa. Dois ou três, por aí, não tenho bem a certeza. Sei apenas que até há bem pouco tempo tinha ido lá duas vezes e apenas para conhecer o ambiente. Da memória ficou-me apenas aquele descer em caracol até ao parque de estacionamento numa estreita e angustiante descida. Até que, tendo conhecimento que o Corte Inglés estava a realizar alguns cursos, me inscrevi no curso de escrita criativa. Depois tudo mudou, durante quinze dias frequentei a sala do âmbito cultural, conheci alguns escritores, tive como colegas gente de várias profissões, fiz novos conhecimentos, criei amizade com alguns, alarguei o meu blogue a outras personagens. Tornei-me assíduo, comprador até, passei a frequentar a cafetaria e o restaurante e a ver Lisboa do alto do sétimo andar. Acabei o curso, fui de férias e voltei em Setembro para outros prazeres que são os cursos de história de arte e de poesia. Outros cursos estão a caminho, o de História de Portugal e o de Ciência, porém não sei se serei ou não seleccionado, ainda assim divulgarei aos meus amigos e aos meus alunos, esta benesse cultural que o Corte Inglés oferece aos seus clientes. Um obrigado ao El Corte Inglés e em especial à Susana Santos responsável pelo âmbito cultural que tudo tem feito para que estes cursos sejam um sucesso. E são! Bem Hajam.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

11 DE SETEMBRO



As torres caíram em New York, mas renascem.
O meu rio corre desesperadamente para o mar.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

HÁ TANTOS PALHAÇOS NA PRAÇA.
UNS FAZEM-NOS RIR, OUTROS CHORAR.



O circo voltou, a Maddie não! E mais não digo!

sexta-feira, 29 de junho de 2007

segunda-feira, 18 de junho de 2007

CAPARICA NUMA TARDE DE DOMINGO



Sei apenas que era Domingo, ao meio da tarde o sol tentava romper. O mar, esse, verde e bravio esbarrava na muralha de pedra que percorre a larga passadeira esburacada que vai do "barbas" até à praia do norte. O areal da praia, engolido pelas marés vivas, mostra-se aqui e além em pequenos recantos junto aos paredões que quebram a fúria das águas. De nada me serve a brisa agreste que corre, só uma tempestade calaria a minha indignação. Sento-me nos degraus que descem para a praia ausente e olho o mar, só o mar quebra a minha solidão e sonho com vagas alterosas que inundassem a realidade que tenho nas minhas costas e plantassem de novo extensos areais e novas dunas, expurgadas de corpos daninhos. Apenas o mar e um homem novo poderão ser a realidade desse sonho que quebra a monotonia da minha solidão.
FINALMENTE




Após várias tentativas consegui finalmente que o João Pedro me ensinasse a passar as imagens para o blogue. Como não tenho ainda as minhas fotos de pintura e outras no computador fiz um pequeno desenho com as ferramentas do paint. Espero que para carregar a memória com todos os meus trabalhos não seja preciso uma eternidade.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

UNIVERSIDADE SÉNIOR



Estive hoje no almoço oferecido pelos "jovens" estudantes da Universidade Sénior da Amadora aos seus respectivos professores, no finalizar de mais um ano lectivo. "Jovens": casados, viúvos, e divorciados, quase todos reformados (ah malandros) , na sua maioria com uma idade invejável, querendo conhecer mais, aprender mais, dar tudo de si aos outros e receber outros conhecimentos. Uma sala cheia de vida, vivida a cada instante, com uma alegria contagiante. Tanto empenho em querer viver. Mas o apoio a estas instituições por parte do estado é zero! Mas para outras salas, as de chuto, para aqueles que se querem matar lenta ou rapidamente, abre-se o estado todo risonho.
Não é a vida que é uma droga, mas sim o estado.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

A CASA QUE JÁ NÃO PIA



Como me choca ligar a Tv e ver a foto de Maddie! Como me atormenta ver trinta ou quarenta televisões não sei quantos repórteres e jornalista; polícias, agentes da guarda républicana, cães, cavalos, motas e motoretas; todo um povo daqui e além fronteiras levantado em "armas", perguntando, farejando, seguindo pistas, procurando caras; jornais, revistas, rádios e televisões fazendo entrevistas e programas, dando cada cabeça sua sentença. Como me martiriza tudo isto que me entra em casa em alarido ( e bem) e na "outra casa" em surdina cada vez se pia menos, como que um arrastar para o esquecimento. Ah este país de hipócritas!
P.E.R - PLANO DE EXTERMINAÇÃO DOS REFORMADOS



Mais um passo dado no sentido de castigar esses malandros (os reformados claro) e prosseguir na completa extinção desta espécie que nunca mais acaba. Agora é a CGD, braço endinheirado do governo SS (socialista Sócrates), que vem a terreno informar os seus clientes que, quem não tiver um saldo médio de 1000 euros terá que pagar o custo da manutenção das contas. É claro que o P.E.R. (plano de exterminação dos reformados) está a avançar em força. Avante camaradas (onde é que eu já ouvi isto?) agora já só falta a injecção atrás da orelha...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

O PAÍS DAS MARAVILHAS III




Ah este país das maravilhas
duma ponte para o Pragal
duns barcos para cacilhas
terra dos burros
num país de nhurros
nada está bem tudo está mal
todos são doutores
das ciências mais diversas
gente de mentes preversas
que assobia para o ar
que cospe para o chão
que risca paredes
que bate nos professores.

País de espertos
républica da bagunça
mar de ciganos romenos
e dos outros e de tanta
gente jagunça
que trapaceia e enrola
que mendiga e pede esmola
país das contas a descoberto
das viagens por pagar
dos algarves a transbordar
do chic do parece bem
do status de ter "bombas"
das meninas cor de rosa
dos bolsos sem vintém
das festa de arromba
da riqueza duvidosa.

País a retalho
qual manta desbotada
e tão curta que destapa os pés
e a gente reformada
e os putos
mas onde há manta
para as salas de chutos
e pontapés
com fartura para quem trabalha
e se desencanta


País descalabro
de TGVÊS e Otas
de Alcochetes e Poceirões
dos defensores das bolotas
das minorias dos calões
das casas pias
dos engenheiros
dos licenciados
das batotas
da Independente
ah meu país doente.

terça-feira, 12 de junho de 2007

À NOITE TAMBÉM HÁ SILÊNCIOS


O que é uma manhã de café e croissant nos silêncios do CCB ou uma tarde explendorosa na quietude dos arvoredos da Gulbenkian, comparadas com o desassossego da noite, quando mastigo a tua ausência?
GUINESS BOOK


Certa tarde de sol radioso estavam três ilustres personagens entretidas a contar as suas excentricidades. Branca de Neve com a sua doce voz dizia: Eu sou a mais bela do mundo. Logo o polegarzinho retorquia: eu sou o ser mais pequenino do mundo. Para não ficar atrás, pinóquio reclamava: eu sou o mais mentiroso do mundo. Para confirmar as suas opiniões foram consultar o Guiness, e logo Branca de Neve radiosa dizia "vejam cá está, eu sou a mais bonita". De seguida Polegarzinho folheando o livro também achou a sua verdade "eu sou o mais pequenino". Pinóquio, agitado, pegou no livro, procurou o mais mentiroso e de repente voltando-se para os seus companheiros exclamou: eh malta, quem é este Sócrates?

segunda-feira, 11 de junho de 2007

UMA TARDE NA GULBENKIAN



Pela calada dos arvoredos a tarde renascia explendorosa. Não havia silêncios senão em mim, as águas corriam em pequenos riachos para o lago, os pássaros enrodilhavam-se por entre a vegetação e chilreavam, as crianças ziguezagueavam por entre as árvores, os velhos refugiavam-se nas sombras e os namorados sentavam-se na relva. Não havia silêncios senão para mim. E não fora a presença do Álvaro Lapa, do Mário cesariny, do Artur Bual, da Paula Rego, as ausências seriam então, não um pequeno riacho que mergulhava no lago, mas uma maré que transbordava e inundava a solidão.
SILÊNCIO E TANTO MAR



Uma manhã no Centro Cultural de Belém, contemplando um rio que corre para o mar. Uma manhã de silêncios, pronúncio de ausências, maré de inquietações. Mares que se agitam ante uma bica e um croissant e inundam a bizarra quietude das oliveiras naquela manhã no Centro Cultural de Belém.
FUNDAÇÃO GULBENKIAN



Ao assinalar os cinquenta anos de arte portuguesa, a Fundação leva a efeito um conjunto de eventos que merecem um olhar muito particular. Para começar , vale a pena visitar a exposição, que nos mostra um conjunto de obras de autores portugueses, que marcam as últimas décadas da pintura moderna em Portugal.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

OS MOSTRENGOS ATACAM



Choque tecnológico dirigido aos jovens, para salvar o país.
Choque eléctrico aos reformados, para salvar a segurança social.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

OS LIVROS E AS SURPRESAS



Nestes últimos tempos convivi no meio dos livros que se espalham pelas bancas dessas feiras de livros que percorrem as estações de metro e dos caminhos de ferro. Corri os armazéns, escolhi obras que há muito já não se encontram no mercado, desencantei raridades, cataloguei e marquei obras de várias colecções. De tanto livro pelas mãos passados, descobri dois, da colecção escritor que pouca gente conhece, que me chamaram a atenção pelo que os adquiri pela módica quantia de
2 euros cada. Um, Elles, de Alberto Pimenta e Ana Hatherly fala da correspondência trocada entre eles e do qual falarei mais tarde. Outro, "Diálogos"fala também de uma correspondência, mas esta entre a pintura e a poesia, e que me surpreendeu agradavelmente pois desconhecia de todo a poesia de António Lobo Antunes e a veia de pintor de José Luis Tinoco. Como ainda não consigo transpor para o blogue a pintura de Tinoco vou por ora transcrever dois pequenos poemas de Lobo antunes:

I

Por dentro da tua voz quem me chamou?
Passaros não, nem choupos, só o mínimo
cicio ao rés das ervas do teu corpo.

II

Diz de mim o meu rosto que estou velho.
Mas como se ainda agora me sentei
nos joelhos do tempo a aprender
os cheiros do jardim e um dedo lento
se demora, a brincar, nos meus cabelos?

sábado, 2 de junho de 2007

O MOSTRENGO




O mostrengo que está no poleiro
na noite de breu ergueu-se a girar
à volta de nós rodou três vezes
três vezes rodou a clamar
"quem é que ousou duvidar
das minhas opções que não desvendo
do meu aeroporto no fim do mundo?"
e o pobre zé disse tremendo:
é o que o povo quer lá bem no fundo.


"de quem são os votos onde me roço?"
"De quem são os jornais onde me vejo e ouço?"
disse o mostrengo e rodou três vezes
três vezes rodou arrogante e grosso
"quem vem poder o que só eu posso
e quero a ota onde ninguém quer
e escorro os medos dum país profundo?"
e o esfarrapado zé disse a tremer:
é o que o povo quer lá bem no fundo.


três vezes ao poleiro as mãos ergueu
três vezes ao poleiro as repreendeu
e disse ao fim de tremer três vezes:
"na oposição ao poleiro sou mais do que eu
sou um povo que quer o que é seu
e mais que o mostrengo que a minha alma teme
que roda nos píncaros deste país de 3º mundo
manda a vontade que me ata ao leme
pois é o que o povo quer lá bem no fundo.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

SEIS MESES


Durante seis meses não escrevi uma linha. Tantos casos e ocorrências se passaram neste tempo. Terei que me socorrer da minha memória ram para alinhar os mais salientes e falar deles. Por agora e por alto lembro-me da eleição de Salazar, da "deseleição" de Carmona Rodrigues, do Benfica campeão... dos disparates, da espécie de engenheiro e da pequena Madeleine. Mas hoje é o dia da criança e por isso não falarei de "desgraças". Que vivam as crianças e que não saiam a alguns crescidos da nossa praça.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

"ÉRAMOS TODOS BONS RAPAZES"



Venho hoje, tardiamente reconheço, falar da apresentação do meu livro, cujo lançamento ocorreu no Museu da Cidade em Lisboa e daqui expressar os meus agradecimentos à Editora Indícios de Oiro. É evidente que sem o apoio do professor e amigo Albano Estrela e da minha querida amiga Ana Viana, jovem escritora e artista plástica, que gerem os destinos desta pequena mas importante editora, o livro e a sua apresentação não teriam o brilho que tiveram. Finalmente agradecer ao meu amigo e camarada Padre Luis da Rocha e Melo o brilhantismo da sua intervenção na apresentação do livro e cujas palavras passo a transcrever:



Éramos todos bons rapazes

A acção desta obra situa-se entre Outubro de 1967 e o fim do ano de 1969, em plena guerra colonial. O Batalhão de Artilharia 1924 formou-se em Torres Novas, umas semanas antes da partida e, no dia previsto, rumou na direcção de Luanda. Daí, para o Cuimba, entre S.Salvador e Maquela do Zombo, uma aldeia abandonada pelos colonos e ocupada então por militares portugueses.

Júlio Mira , autor deste livro, era um furriel miliciano que integrava a CCS (Companhia de Comandos e Serviços), e teria nessa altura vinte e poucos anos (já lá vão trinta e seis). Consegue, ao longo destas páginas, uma proza considerável: da de transformar a narrativa de uma guerra desumana e sem sentido num poema dramático que se lê ou se devora e se saboreia como se se tratasse de uma epopeia lírica. Mais do que narrar a aventura de 600 rapazes que partem obrigados para o desconhecido, onde o perigo espreita a cada curva da picada, faz entrar o leitor dentro dos sentimentos dos personagens, reais e simultaneamente simbólicos, protagonistas de um drama que não entendem mas têm de viver. "Éramos todos bons rapazes" e não tinhamos culpa nem responsabilidade do que se estava a passar, quando os ventos da história já sopravam ao contrário. Mas não tínhamos outro remédio: ali estávamos na saga de um batalhão metido à força na guerra de Angola.

Não faltam pormenores do que se passou ao longo desses dois anos e alguns meses. Há nomes concretos e situações verdadeiras. Mas como o bom poeta, Júlio Mira consegue transportar-nos para o comprimento da onda do universal, e fazer-nos experimentaro drama humano na sua profundidade. Medos, ansiedades, angústias que o desconhecido provoca, sobretudo se é perigoso, paliativos para os disfarçar, amizades quese criam, saudades e esperanças são apontados e tratados em perspectiva simbólica que pode ser aplicada à vida normal de todos os dias. Dois anos em tempo de guerra são para o autor uma espécie de flash do drama da existência, também ela cheia de tensões, de outra ordem, é verdade, mas não menos real.

A experiência descrita neste livro é bem vivida por protagonistas de carne e osso. O seu fascínio aparece, no entanto, quando o leitor descobre que os factos narrados são contexto e pretexto para ir ao fundo da experiência humana, e que a linguagem simbólica, inefável por natureza, o transporta ao indizível da existência, cheia de dramas e de alegrias, de incertezas e de energias escondidas, de medos e coragens, por vezes insuspeitáveis. O clima de guerra, sem inimigo visível que pode surgir a qualquer momento, a experiência vivida por um batalhão no norte de Angola que o autor compartilhou, foi o espaço que Júlio Mira escolheu para descrever o indescritível: a experiência limite de situações que fazem parte da humanidade. Um livro que vale a pena ler e reler.


quarta-feira, 30 de maio de 2007

ANTÓNIO ALEIXO



Na reunião das quartas-feiras da tertúlia de poesia, o tema era António Aleixo, esse genial poeta popular algarvio. Aqui vos deixo algumas quadras dele bem como duas de minha autoria que foram improvisadas durante a reunião.


António Aleixo


Fui polícia, fui soldado
estive fora da nação
vendo jogo, guardei gado
só me faltou ser ladrão.



Vós de lá do vosso império
prometeis um mundo novo
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério.



Sei que pareço um ladrão
mas há muitos que eu conheço
que não parecendo aquilo que são
são aquilo que eu pareço.



Júlio Mira


Podia ser engenheiro ou doutor
arquitecto, mestre ou regente
se conhecesse um reitor
duma universidade independente.



Sou social sem ser socialista
sou democrata sem ser social
sou camarada sem ser comunista
sou apenas português de Portugal.
VOLTEI!



Finalmente a escrita outra vez! Nunca com agora tive um periodo tão alargado sem escrever. Várias foram as razões, vários os prejuízos que daí advieram. Das razões, direi que após cinco anos sem obrigações de trabalho, envolvi-me no mundo dos livros, quase como por acaso, ajudando na montagem de feiras, seleccionando os respectivos livros e posteriormente fazendo a venda directa aos clientes. É um trabalho giro que requer alguma organização, algum "savoir faire" e muita paciência, não só com os clientes mas também com quem manda. Também as obras que iniciei em casa no princípio de Janeiro deram uma achega para este interregno. E só em Abril terminaram. Dos prejuízos, ganharam vulto a não escrita, a não pintura, a ausência na tertúlia de poesia, a falta às sessões das cinco horas frente à pastelaria Ninfa, as visitas mais dilatadas à "confraria" da petrogal, a não ida aos almoços dos antigos colegas da empresa, o não ter Sábados e Domingos, o chegar a casa às 23 horas e não jantar, o não ver Tv (Um bem, um bem) e um sem número de pequenos (grandes) detalhes entre os quais o escrever no blogue, visitar a internet , ler os emails. Enfim, um rol vasto de restrições que me levaram a pôr um ponto final nesta actividade livreira a que agora só muito pontualmente acederei. Voltei, e prometo escrever um pouco todos os dias.