sábado, 19 de janeiro de 2008

POEMA DEZASSETE



Durante anos fomos amantes, infiéis corpos em brando leito derramados
os teus rios eram lágrimas que escorriam pelas montanhas dos teus seios
bordejando as margens do teu corpo e desaguando no delta do teu ventre
Durante anos guardámos as palavras que ciciávamos ao teu ouvido
para que mais tarde pudéssemos engravidar o tempo
mas tu esqueceste-te das promessas envolvida que foste por essa serpente
que te enleou o corpo e da árvore te estendeu o pecado
Em brando leito somos sobressaltados pelo apodrecer da maçã

não somos mais amantes mitigamos a fome com pedaços de esperança
esperando firmes que os brandos ventos se diluam
e nasça em cada vontade a lança
que legitime o sonho do amanhã

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