terça-feira, 8 de janeiro de 2008

POEMA OITO




Nasci ontem no fim duma catástrofe e no renascer duma nova era
era um menino que corria descalço sobre os picos da liberdade
mastigava o pão escuro das palavras que se adivinhavam turbulentas
bebia ávido o labirinto dos pensamentos.
Era um menino e já perscrutava a savana engolindo medos
tecendo desencontros, disparando vida.

Nasci ontem, outra vez em Abril, na aurora doutro destino
correndo calçado no tapete da liberdade
mastigando o sonho, largando ao vento palavras novas
bebendo esse néctar das promessas
continuando desesperadamente menino.

Nasci ontem sem ser rapaz, sem ser homem
continuo a ser menino, sem tempo, que o tempo o devorei
vorazmente, nessa bandeja de palavras gastas
com sabor a sonhos envelhecidos.

Gostaria de dizer que nasci hoje, mas já não há Abril que me prenhe
e se nascesse, seria outra vez menino
porque o meu país não cresceu.

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